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Artigos-->Quando se souber contar... -- 12/10/2006 - 08:08 (António Torre da Guia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Um brevíssimo testemunho







Ilha de Moçambique = Quiçá como Camões, vivi neste cenário

os tempos mais felizes de toda a minha vida. Neste auspicioso

período, tinha apenas um singelo e simples sonho que estava

prestes a concretizar: trazer minha mãe para junto das netas.



Nasci em 1939 e, quando Salazar faleceu, a 27 de Julho de 1970, estava eu em Cabora Bassa, com 31 anos de idade, como funcionário admnistrativo do consórcio internacional Zamco & Cº, em pleno estaleiro da grande barragem hidráulica, cuja construção havia arrancado em força havia um ano e pico entre dois privilegiados sopés da serra do Songo, por onde corria em estreito e profundo leito o fabuloso Zambeze. À data, de Moçambique, conhecia apenas Lourenço Marques e Beira, em rápida passagem, e Tete, onde fruía meus fins-de-semana, cidades que eram sem dúvida magníficos oásis em face da agreste imensidão da África Austral. Para fazer jus à defesa da barragem e prevenir eventuais ataques dos guerrilheiros que então inopidamente poderiam actuar, um destacamento de furrieis do exército estava de prevenção e em guarda permanente. De resto, até Agosto de 1974, nunca estive pessoalmente confrontado com qualquer iminência de acção belicista de norte a sul, na Iha de Moçambique, Nacala, Nampula, Quelimane, Beira, Inhambane e Lourenço Marques, belas e tranquílas cidades que mais tarde conheci em pormenor.



Hoje, entre a desmiolada treta que certos fantasistas debitam, imputando-lhe artificiosa coerência, pergunto-me: onde terei estado eu para não ver, ouvir ou sentir algo de anormal ? Serei um caso isolado que perpassou por um autêntico milagre? Não, não sou. Como eu, existirão ainda milhares de pessoas que poderão testemunhar com experiência de pele a mesmíssima situação. Por consequência, em minha bem sentida opinião, a trama que descreve o caos da guerra moçambicana da época, não passa de uma farsa com esconsa conveniência política que agrava, confunde e inverte a autêntica realidade dos factos. Os portugueses em Moçambique, sob a eminente batuta de Salazar, estavam seriamente a cumprir e a efectivar uma missão civilizacional ímpar.



Fui pai de duas filhas, tendo uma nascido em Cabora Bassa e outra na Ilha de Moçambique. Como posso eu encarar e sentir esta incontornável memória defronte à calamidade que se seguiu e permanece? Quiçá com poesia, balsamo lídimo para os raciocínios desesperados de saudade e frustação:





Moçambique, meu amor,

grito africano sem fim

que trago dentro de mim

para senti-lo melhor...



Moçambique além da dor

quando se souber contar

porque se fez tanto amor

para depois estragar.




António Torre da Guia
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