D.Sancho I, porque se empenhou sobretudo no povoamento dos territórios da nação e, numa exemplar perspectiva sarcástica o demonstrou surpreendentemente, sendo pai de uma grande prole, foi com toda a propriedade cognominado de o Povoador.
Com apenas 16 anos, D.Afonso Henriques, logo após o acidente que sofreu em Badajoz, armou-o cavaleiro e designou-o seu braço direito nas operações administrativas e militares. Em 1174, face a conveniências de ordem estratégica, foi firmado um acordo com Aragão, o qual se selou pelo casamento de D.Sancho com a infanta Dulce de Berenguer.
Com a morte de Afonso Henriques em 1185, D.Sancho ascendeu ao trono, tendo Coimbra como o centro do seu reino. Desde logo deu por findas as lutas fronteiriças e devotou-se a guerrear os mouros localizados a Sul.
Aproveitando a passagem pelo porto de Lisboa da terceira cruzada, na Primavera de 1189, conquistou Silves, um importante centro administrativo e económico com uma população à volta de 20.000 pessoas, tendo de imediato ordenado a fortificação da cidade, mandando construir o castelo que ainda hoje pode ser admirado. A posse de Silves foi efémera já que, em 1190, Iacub Almançor cercou a cidade com um exército e com outro atacou Torres Novas, que apenas resistiu durante 10 dias.
D.Sancho I, além da expansão territorial que promoveu, dedicou muito do seu esforço governativo à organização política, administrativa e económica do reino. Acumulou um importante tesouro real e incentivou a criação de pequenas indústrias, bem como empolgou a classe média de comerciantes e mercadores. Concedeu cartas forais a Gouveia, Covilhã, Viseu, Bragança, etc, criando assim novas cidades e povoando as áreas mais remotas do reino, recorrendo a imigrantes da Flandres e de Borgonha. Também é lembrado pelo seu gosto às artes e à literatura, tendo deixado por si escritos vários volumes com poemas. Durante o seu reinado sabe-se que alguns portugueses frequentaram universidades estrangeiras e que um grupo de juristas conhecia o Direito que se ministrava na escola de Bolonha. Em 1192 concedeu ao mosteiro de Santa Cruz 400 morabitinos para que se mantivessem em França os monges que lá quisessem estudar.
Seu túmulo encontra-se no Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra, lado a lado com o do pai.
DESCENDÊNCIA
Com Dulce de Barcelona:
Teresa - Sancha - Raimundo - Constança - Afonso II - Pedro - Fernando - Henrique - Branca - Berengária - Mafalda