Não é grave ou tão pouco ilícito defender com convicção a memória de um estadista honesto, íntegro e digno com alguns lamentáveis erros políticos.
Grave seria ofender ou conspurcar a memória do ápice abrilino, empolgante clarão que produziu SALGUEIRO MAIA, símbolo da sádia coragem lusitana em todos os tempos.
Mas grave-grave-gravíssimo e confrangedor para a maioria de todos nós, com efeito impune, é que o "25 de Abril", bem defronte ao olhar dos sucessivos governantes da Pátria e líderes partidários, ao longo de 32 anos, se tenha transformado num ninho de cucos, com águias, falcões e milhafres voando por todo o lado. Daí o insuportável número de ratazanas que profuso se nos depara.
Por esta evidente consequência, Salazar paira ainda em saudade sob o céu de Portugal e dos territórios ultramarinos. De qualquer modo, queira-se ou não se queira, é na HISTÓRIA DE PORTUGAL um dos MAIS MARCANTES PORTUGUESES que não voltará mais.
O resto... Oh... O resto é apenas oportunismo vesgo-espertalhão à procura de uma nesga feliz entre a confusão, sedento de ver uma bola no ar a enfiar-se no mesmo sítio infinitamente...
E de novo a ténue esperança se instala com CAVACO SILVA e JOSÉ SÓCRATES, e - ninguém tenha dúvida disso - foi a maioria dos decepcionados que refiro, que surpreendentemente os elegeram - um, por impecáveis seriedade e dignidade, e outro, pela fé que nasce no íntimo - fugindo à estafada subserviência das pirâmides partidárias, espécie de atilhos congregantes no colete de forças colectivo que as nossas televisões não cessam de sacudir.
E assim decorre a grandiosa HISTÓRIA DE PORTUGAL para os confins do tempo.