Às vezes, quando descontraidamente caminho envolvido em grande movimento de pessoas e viaturas, surge-me inopinadamente ao raciocínio o diabólico "só-um". Sabem porventura o que é e quem é esta nefanda individualidade?!...
Tenho muito e todo o gosto em explicar.
Numa primeira perspectiva, presuma-se que um jovem, sem carta de condução, furta uma viatura ou até toma a do pai sem prévio consentimento deste. Vai pois intranquilamente em trânsito e num ápice surge-lhe a polícia solicitando-lhe que pare. O jovem, em lugar de obedecer à intimação de paragem, acelera e de imediato é perseguido pelo carro policial. Vendo os polícias no retrovisor, acelera mais e ainda mais. Logo adiante curva em exagero, capota e o carro enrola em direcção ao passeio esmagando indiferentemente alguns transeuntes. Eis pois num exemplo, entre milhares deles, o diabólico "só-um".
O condutor que entra por engano e ao contrário numa via de sentido único. Aquele que conduz a grande velocidade sem se importar com a irrecuperável desgraça que pode produzir. O energúmeno que assalta de noite uma casa habitada. Um assaltante de bancos que faz reféns. Um incendiário, etc, etc e etc...
O diabólico "só um" é uma personagem sobre a qual medito frequentemente, rebuscando no cérebro uma razoável solução que extreminasse de uma vez por todas semelhante abrenúncio, mas, infelizmente, além dos meios radicais, não encontro forma sensata para pelo menos minorar o desiderato onde o famigerado prejudica sem remédio um numeroso outrem.
Ah... Obtenho, sim, uma solução, mas apenas para mim: tenho o hábito de pensar no descrito frequentemente e isso leva-me a tomar medidas preventivas consoante a situação, o que pode numa primeira análise parecer ridículo e estúpido, mas não é. Não é e até considero que é muitíssimo eficaz, embora quase nunca saiba se está a produzir ou não algum efectivo efeito.