A maioria dos portugueses consabe que o doutor Pedro Santana Lopes tarimbou politicamente muitíssimo bem até uma dada altura da sua promissora carreira e não foi de modo algum a fama dos mulherios que lhe empalideceu a benquista estrelinha. Quem não lhe reconhece excepcionais dotes no discurso e postura exemplar em termos de cidadão digno e honesto?
PSL começou a declinar logo que se deixou envolver no movediço terreno de uma eventual candidatura a Belém, algo que no conceito público desde logo pareceu exagerado e assaz descabido, desgastando-lhe a benção populis que fruía.
A inopinada renúncia de Durão Barroso abriu-lhe de mão beijada as portas de São Bento, oportunidade deveras adequada ao seu perfil. Sob a ambiência do antecedente almejo, tão inesperado foi o desiderato, que apanhou PSL completamente a leste da conjuntura partidária que concita a formação de um governo minimamente coeso. Os factos que ditaram pois a derrota de Santana após a dissoloção da AR não poderiam dar senão o desfecho que se seguiu, trazendo ao topo da ribalta o simpático adversário televisivo que em cordatos debates tanto tinha ajudado a promover.
Na actualidade em decurso, com os mediatas debruçados sobre o seu recente livro "Percepções e Realidades", o choque com o Presidente da Repúbica é tão-só uma realidade inoportuna que não se estriba numa bem augurada percepção. E é deveras lamentável porque PSL, apesar de tudo, continuava com enormes possibilidades, em momento adequado, para entrar no reino dos céus.
António Torre da Guia |