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Artigos-->O SOL pergunta e SARAMAGO responde... -- 20/11/2006 - 02:07 (António Torre da Guia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
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CURA-TE BRUXO








Não me recordo bem, na altura em que vi e ouvi em directo através da televisão, se José Saramago, entrava ou saía, acompanhado da esposa, do edifício onde ia receber ou já tinha recebido o Nobel da Literatura, quando inopinadamente foi abordado por um repórter que lhe colocou uma pergunta daquelas que levam água no bico. O escritor, de imediato, assaz rude e insidiosamente peremptório, deu uma resposta que, ao nível em que estava investido, atiraria pela janela fora qualquer bem predisposta simpatia que fruisse com admiração o evento.



Vá - interroguei-me - como é possível que um nobilitado acolha com carácter tão péssimo uma vulgata que até lhe daria azo à emissão de uma bem gizada e salutar ironia? A partir dali, defronte aos livros de Saramago, a inóspita cena visita-me o cérebro e, como neste ensejo bem se constata, continua a visitar sempre que faceio com o espécime. Logo que mais aprofundei as características pessoais ao "eliminista pontual", todas as dúvidas se desanuviaram: Saramago é de facto um indivíduo de muito mau feitio e implantado carácter tendendo ao acre. Inclusive, cuidei de atentar e verificar que o seu sorriso televisivo nunca é espontâneo e com algo de alma no desenho.



O que acabo de descrever, ao cabo de 8 anos, assenta como o ar no tónus que emana da breve entrevista que o semanário "Sol" faz, na sua edição nº. 10, ao autor de "Levantado do Chão". Como se levantou ele, bem, presumo que sei deveras como é que foi, mas neste ensejo opto apenas por considerar algumas arranhadelas públicas que, via tecla de José Fialho Gouveia, Saramago fez em cima do lançamento da sua última obra "Pequenas Memórias", espécie de extrema-unção pessoal. Saramago nasceu numa casa da povoação de Azinhaga a 16 de Novembro 1922, mas tem estado ainda a tentar descobrir a habitação exacta aonde veio a esta vida. Ora então, pois, o "Sol" pergunta e o entrevistado responde:



-------------------------------- (...) --------------------------------



Sol = Marques Mendes é uma alternativa?



Saramago = Marques Mendes parece-me uma coisa estranha. Anda por aí. Ninguém sabe muito bem o que pensa. E essa recente paixoneta que expressou sobre Alberto João Jardim em nada o recomenda.



Sol = Está a dizer que é uma barata tionta política?



Saramago = Não sei o que é isso. Simplesmente não o consigo imaginar como primeiro-ministro. A não ser que o facto de se sentar na cadeira de líder do Governo provoque nele uma revolução hormonal.



Sol = E imaginava Santana Lopes?



Saramago = Essa foi uma página única. Espero que se explique às crianças como se pode chegar a primeiro-ministro...



Sol = ... Sendo...



Saramago = ... Um imbecil.



Sol = Desiludiu-se quando o país escolheu Cavaco Silva para Presidente?



Saramago = Apenas disse que não contassem comigo para cerimónias em que ele estrivesse presente. Afinal, ele era o chefe do Governo que censurou o meu livro (O Evangelho Segundo Jesus Cristo).



Sol = Se o encontrar, cumprimenta-o?



Saramago = Provavelmente não.



Sol = Diz-lhe algo?



Saramago = Não. Se não o cumprimento também não lhe digo nada.



Sol = Podia insultá-lo...



Saramago = Não. Não faço coisas feias como essa.



Sol = Tem orgulho em ver Durão Barroso como Presidente da Comissão Europeia?



Saramago = Nenhum.



Sol = Porquê?



Saramago = Foi a quinta ou a sexta escolha. E mesmo que fosse a primeira não tinha qualquer motivo para me orgulhar.



Sol = É um lugar de destaque, tal como o Nobel. Acha que os portugueses devem ter orgulho em si?



Saramago = Terá de perguntar-lhes... Tenho feito o possível para que não se envergonhem de eu ter ganho o Nobel. Ponha assim, que assim é que fica bem.



Sol = Tem saudades de algum ministro ou de algum secretário de Estado da Cultura?



Saramago = Carrilho foi um excelente ministro. Via nele seriedade e ideias bastante claras.



Sol = É alguém que tem uma imagem antipática para grande parte da população...



Saramago = Também eu. Todos os dias me chamam arrogante.



Sol = Imagina porquê?



Saramago = Por inveja.



Sol = Também por parte de outros escritores?



Saramago = Evidentemente.



Sol = Quem?



Saramago = Não vou dizer nomes.



Sol = Tem medo?



Saramago = Não, mas não é meu hábito entrar em polémicas.



Sol = António Lobo Antunes merece o Nobel?



Saramago = Terá de perguntar à Academia Sueca.



Sol = Não gosta de o ler?



Saramago = Não.



Sol = Porquê?



Saramago = Porque não.



Sol = O que lhe desagrada na sua escrita?



Saramago = Não gosto, pronto.



Sol = Voltando à política. Ainda acredita no comunismo como regime de poder?



Saramago = Acredito num sistema de gestão social e de recursos humanos. Não reconheço essa preocupação no capitalismo. É contrária à sua natureza, suicidar-se-ia se o fizesse. Espero que o comunismo venha a ter uma segunda oportunidade e que não cometa os mesmos erros e crimes.



-------------------------------- (...) --------------------------------



A parte de entrevista exposta alonga-se ainda por mais outro tanto de incisivas e bem urdidas perguntas que recolhem em permanência ácidas respostas, mas, como para bom entendedor, no caso, metade basta, fico-me por aqui, uma vez que, em paradoxal relação com o que ressalta do conteúdo, disponho de quanto chegue para justificar o enunciado e finalizar em sol esclarecedor.



José Saramago, antes de nobilitado (?), sob a batuta de Luís Francisco Rebello, fez parte da Sociedade Portuguesa de Autores, transformada numa autêntica coutada de interesses esconsos que deram no que deram: falência à vista. Quando Rebello e a filha, e talvez por isso seu nome se escreve com dois "LL", a contas com a justiça e já demissionário, tentou uma aflitiva reeleição, Saramago, então já detentor do Nobel (?), acompanhou a lista do amigo, candidatando-se a presidente da Assembleia Geral.



Ora, se, na opinião de Saramago, Marques Mendes por apoiar João Jardim não é recomendável, apre, só eu e Deus sabemos o que estou a pensar neste momento... Pois-pois-pois-e-pois. Pois, rima com bois...



António Torre da Guia

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