As autoridades governamentais, infelizmente ainda não estão dando a devida importância ao crescimento assustador do alcoolismo no Brasil. Hoje, as últimas pesquisas realizadas mostram os alarmantes 12% de dependentes de bebidas alcoólicas na população adulta brasileira.
A situação é realmente preocupante! Jovens, e até crianças em algum momento já ingeriram substancias alcoólicas em algum instante de suas vidas.
Se considerarmos a população brasileira em cento e noventa milhões de habitantes, separando-se crianças e idosos, chegamos à soma de cinco milhões e oitocentas mil pessoas (homens e mulheres) dependentes do álcool. Isso representa a população de uma grande cidade brasileira.
Em relatório da comissão de saúde da câmara dos deputados, em um congresso ainda realizado quando o Dr. Humberto Costa ocupava o cargo de Ministro da Saúde, revelaram que mais de 50% dos acidentes de trânsito eram provocados por uso abusivo de bebidas alcoólicas. Apresentou também o documento que índices iguais eram responsáveis pelos acidentes no trabalho. Dizia ainda o documento que as separações conjugais, abusos sexuais e agressões tinham em primeiro momento a ingestão alcoólica.
Não bastassem tais constatações, verificou-se ainda que o crescimento da ingestão de bebidas alcoólicas em adolescentes do sexo feminino eram as que mais cresciam. A mesma pesquisa mostrava também que entre as classes profissionais o álcool ganhava adeptos na classe médica, e demais profissionais da área da saúde.
Participaram desse congresso, coordenado pela então Deputada Federal e médica Ângela Gugelmin com a participação do Ministro Humberto Costa, senadores, representantes da indústria de bebidas e da propaganda alem de convidados.
Não sabemos que medidas foram tomadas para a resolução ou tentativas de combate ao uso abusivo do álcool. Entretanto, podemos assegurar que o problema é muito mais sério do que parece.
Sabemos, por outro lado que os impostos arrecadados com a fabricação de bebidas alcoólicas têm um peso significativo para a arrecadação governamental. Todavia se analisarmos os valores gastos em internações e atendimentos constantes nos pronto-socorros poderemos verificar que são muito elevados e sobrecarregam os hospitais públicos municipais, estaduais e federais.
Como se isso não bastasse, podemos verificar que a bebida alcoólica é a porta de entrada para as outras drogas ilícitas, provocando a dependência química cruzada que leva o óbito a milhares e milhares de jovens em todo o país.
As delegacias são testemunhas dos constantes envolvimentos de alcoólatras ou bebedores pesados (os que bebem exageradamente, principalmente em finais de semana) nas baladas, churrascos sociais e festinhas.
Se quisermos constatar a gravidade do problema, basta ir até o Pronto Socorro mais próximo de sua residência em um final de semana e verificar nos horários da madrugada os casos de embriaguez de jovens (ou não) que adentram na Urgência daqueles estabelecimentos de saúde.
Na contra mão dessas evidencias, foi a corajosa medida tomada pelos políticos da cidade de Diadema no Estado São Paulo que decretaram uma lei limitando o horário da venda de bebidas nos estabelecimentos comerciais. Os resultados mostraram a eficiência da lei municipal, que proporcionou uma queda acentuada da criminalidade, (mais de 40%), os BOs (boletins de ocorrência) nas delegacias da cidade, principalmente em brigas conjugais e de vizinhos, alem da significativa baixa de acidentes automobilísticos e atendimentos nos hospitais da cidade.
Sendo apenas um cidadão observador e não um especialista na resolução de problemas de tal natureza, vejo exclusivamente o assunto, como sendo o da mais alta importância para a sociedade brasileira, pois o uso abusivo e indevido do álcool é prejudicial a saúde física, moral e espiritual, e quanto mais o tempo passar, mais difícil será trazer para índices aceitáveis o combate à “doença do alcoolismo” reconhecida pela Organização Mundial de Saúde, com sede em Genebra, Suíça.
Várias entidades não governamentais tentam minimizar e tratar o alcoolismo, mas sabemos também que não bastam as clinicas especializadas se não houver por parte do governo federal uma política inteligente e severa para combater o problema e, sobretudo prevenir, os menos esclarecidos do mal eminente.
24/11/2006
Paulo M.Bernardo
Dados estatísticos retirados do relatório oficial da Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados – Brasília – D.F. - Tema: Alcoolismo
Obs.: O número de alcoólatras no país, supera os aidéticos, diabéticos e portadores de deficiências auditivas e visuais.