Hoje, comemorando-se o 366º. aniversário da Restauração de Portugal e, após 60 anos de usurpador domínio estrangeiro, o retorno à integral independência territorial e política dos portugueses, num momento que tal, eu, pelo menos, se estivesse no lugar daqueles que protagonizaram a "Descolonização Exemplar", não me sentiria de modo algum de consciência tranquíla por muito boa que fosse a qualidade de minha fatiota, calçado e recheio peitoral. Mais: ver-me-ia, em imaginado percurso aéreo, atravessar uma janela com um punhal cravado no peito até ao solo do Paço, depois de estar 30 anos fechado num armário.
Tal como se olha para as manchas de uma parede e se intenta configurar imagens, ao contemplar o actual mapa do meu país, vejo, sinto e disperso-me por algo de profundamente nostálgico que me atravessa o espírito de lés-a-lés, sintoma irreparável, estendal escombrante de impiedade miserabilista que os actuais títeres dominantes exploram e fruem sem pejo sob a evocação dos mais lídimos direitos da Humanidade.
Há os que vêem e sentem de outro modo, acomodados na sua "ora-feliz-ora-infeliz" rotina, indiferentes à notícia que informa que 45% da população portuguesa morre em estado roçante de miséria, enquanto os restantes se empolgam de bandeira triunfante atrás da bola, aclamando o Cristiano Ronaldo com o dedo médio erecto entre o indicador e o polegar em vénia para a benquista assistência, "heróico campeão" hodierno a meter a mesma coisa no mesmo sítio infinitamente...