O BRILHO DO DIA CINZA
Hull de La Fuente
1º de dezembro/06
Quando o carro saiu da garagem eu já estava com um par de óculos escuros à mão, para proteger os olhos do brilho costumeiro do sol de Brasília. Mas que nada! O dia estava mais para Milão. Totalmente cinzento. Bateu uma saudade. Por um rápido momento, cheguei a sentir a fragrância de castanhas portuguesas assadas e o movimento de pessoas indo e vindo pelas “vias” daquela cidade. Foi só saudade mesmo. Minha realidade atual é em português, idioma bonito, mas difícil pra caramba. Decidi então tirar proveito do cenário que eu via no caminho de casa até a Esplanada dos Ministérios. Descobri por exemplo, que o verde da cidade combina com o cinza que pairava no céu. As sibipirunas com seus buquês amarelos, davam um toque nacionalista por todo percurso. Até a Torre de TV, metade encoberta pelas nuvens, me pareceu mais linda com seu ar de Torre Eifel. Infelizmente, na primeira parte da grande Esplanada, próximo à Rodoviária, a grama foi totalmente destruída, por conta de um evento recentemente acontecido. Doeu meu coração. Será que a grama nascerá de novo ali? Por outro lado, logo adiante, na mesma Esplanada, eu vi algo que chama a atenção dos passantes. São milhares de estacas brancas geometricamente cravadas na grama e em cujas pontas giram laços vermelhos, como cata-ventos. Vê-se também, balançando ao vento, alguns enormes laços feitos com balões vermelhos, tudo combinando com o verde da grama e das árvores. Um grande cartaz anuncia a semana de prevenção da AIDS.
E eu daqui desta tribuna faço minha parte: Quem ama usa camisinha! Quem conhece o amor não compartilha seringas.
É! O dia cinza ficou colorido, com matizes de um arco-íris.
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