Escrever para mim é uma compulsão, eu já disse isto. Aparece, dentro de mim, uma estranha sensação, como uma espécie de fome, uma vontade que a gente não sabe como sopitar, que tira o sono, que necessita de sair de mim, impele-me a abrir as comportas da alma, deixar fluir o pensamento, abrir as asas da imaginação. Aí, em borbotões, as idéias se agitam dentro de meu cérebro como as moléculas da água em ebulição. E aí, já não há quem consga deter o pensamento que se desata, desce a encosta queimando, como se fosse um rio de lava vulcânica, só que com uma diferença, não mata nem aniquila, tem vocação para tecer, construir, armar, compor, unir, pacificar, tudo em nome do amor.