As dores dos artistas se tansformam em arte: o palhaço ri e dá cambalhotas; o música empunha o instrumento e a transforma em notas musicais; o poeta busca o verso e a rima e se desmancha em poesia e beleza; o pintor, no jogo de cores, fantasia as queixas e as camufla nas aquarelas e nas telas coloridas; o ator, usando máscaras no seu desempenho, disfarça as mágoas e as queixas, e ri e chora para que ninguém perceba que está triste; o artesão, com as suas mãos hábeis, fabrica o encanto e a beleza que vão fascinar os olhos dos consumidores; o cronista, dos sucessos do dia-a-dia, vai retirando inspiração para suas crônicas, enfim, em cada ângulo do gênio humano, a dor se esgarça e se metamorfoseia em beleza, em sons maviosos, em versos, em risos falsos, pois é imenso a ribalta deste teatro-gaiola que tanto nos aprisiona quanto nos liberta.