Escritor e autor são seres diferentes. Este (autor), qualquer um pode sê-lo. Trata-se de um analfabeto literário para o qual qualquer artefato supõe ser Arte. No fundo, é mero simulacro daquele (Escritor). Ora, alguém digno de assim o classificarmos (Escritor) é, antes de tudo, um trabalhador da Palavra. Sua atividade, diz Carlos Reis, comporta dois tipos de normas: normas técnicas (de composição, de gênero, de escrita) e normas artesanais (de labor, de paciência, de correção, de perfeição).
Por desbravar Sentidos e problematizar a existência, um lídimo escritor vive angustiado (nada a ver com neurose). Sua alma carrega sentimentos profundos de responsabilidade ante ao caos semântico, que sempre existirá. Não é à toa que ninguém menos do que Roland Barthes esclarece: “A escrita é a arte de levantar questões e não de lhes responder, ou de as resolver. Quando as questões levantadas são verdadeiras, elas incomodam”.
Nada, portanto, caracteriza mais um Escritor do que ser fonte de Sabedoria. Harold Bloom, além deste irrefragável quesito, aponta ainda o que chama de “Esplendor Estético” e “Força Intelectual”. O fato é que é absolutamente impossível haver Escritor sem consciência e esta, no dizer do mestre Flávio Kothe, inexiste sem a crítica. Esta crítica, prossegue, é que se torna como que “insuperável”, pois poderia exibir limitações do dogmatizado.
Enfim, quando certo sujeito foge ao que exponho aqui, não tenho a menor dúvida: estou apenas diante de um autor. É bem verdade que, às vezes, repleto de boas intenções; mas, lamento, isso não é garantia de Literariedade.