Nos primeiros dias de cada novo ano é habitual fazer-se balanço ao comportamento colectivo do país e do mundo, atirando-se para a ribalta os mais notáveis factos ocorridos.
Em Portugal, por onde sistematicamente tem morrido o peixe, enquanto o escabroso "ímpio ocaso" e o paraplégico "ocaso dourado" se mantiveram em tácito apodrecimento público e político, o nosso actual primeiro-Ministro tentou deveras alterar o curso intestinal do ventre da nação. Mal lá meteu o dedo, também de imediato o fedor se revelou em todos os demais sectores afectados pela nefanda soltura: a corrupção. Só este entrelaçante imbróglio, se José Sócrates lograr pelo menos uma definitiva cirurgia sobre a escandaleira acumulada, chega e sobeja para perdoar-lhe as "trocas" e a megalomania engenhoqueira. Em consequência, impecavelmente emergindo além do lodoso pantano, o presidente da República apoia, bate palmas e empurra, o que constitui um excelente tadem para o país enfim desencalhar e tomar rumo.
No mundo, o pano sobre 2006 desceu inopinadamente trágico, negro e terrivelmente desalentador, sem que por enquanto deveras se saiba o que Saddam a balouçar na corda quer dizer. Entretanto, 2007 dealbou e verifica-se que ainda existe muita-muita gente que ignora o que em absoluto a morte é. Para Bush - estou a ver nitidamente - só algo de tão execrável está bem porque de facto tudo está a piorar.