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Artigos-->PEGA! PEGA! PEGA O POLÍTICO! -- 06/01/2007 - 08:27 (Jeovah de Moura Nunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Sempre tive a sensação intuitiva de que para o futuro a palavra “político” será um sinônimo mais exato de ladrão. Refiro-me neste caso à língua portuguesa, porque é muito evidente que a malta politiqueira dos ladrões é mais acentuada no Brasil, que é um país de língua portuguesa. Em outros países também aparecem políticos ladrões, mas em razão das leis serem bem estabelecidas, isto é, redigidas por homens de grandes virtudes, que se tornaram legisladores justamente por isso, posto que os eleitores são mais conscientes e têm escolaridade bem melhor que o nosso pobre e abandonado povo brasileiro, os políticos ladrões desses países são exemplarmente punidos. E assim não tem como associar o político com a roubalheira que efetuou. Aqui em nosso país essa relação é muito grande: ladrão e político; político e ladrão. Isto é muito triste porque a política é o quinto ramo brotado da filosofia.

No Comércio de 21 de abril de 1988 foi editada uma matéria minha intitulada “Não cochilar para não cair o cachimbo”, onde desfiei alguma coisa com relação ao comportamento do homem público, que esquece a sabedoria popular. Ele esquece isso e nós esquecemos de que foi a corrupção e não as guerras que destruiu Roma, a mais grandiosa das nações que o planeta já testemunhou. Existia na gloriosa Roma dos Césares uma espécie de juiz, cuja balança judiciária pendia seus pratos a favor do litigante que melhor pagava. Exatamente como ocorre no Brasil, onde campeia escandalosamente a corrupção em toda parte. Aqui em nosso país a corrupção é tão soberba e grandiosa, que já estamos parecidíssimos com a soberba e grandiosa Roma do passado. Os favores são obtidos com o preço da moeda em todos os recantos do país. A fascinação do brasileiro pelo ouro só se compara aos romanos daqueles tempos dourados. Dir-se-ia que nada mudou. Mudaram os cenários das Sete Colinas, as roupas, as técnicas, ou a tecnologia. Mas, o espírito intoxicado pela cintilação do metal amarelo continua. Assim como continuam os meios desonestos e extravagantes de os conseguir.

O nome de nosso herói, o juiz ladrão, era Lucius Antonius Rufus Apius. Não havia nenhuma cerimônia judicial. Era vapt! Vupt!. Pagou mais, ganha a causa. E o soberbo Lucius fazia questão de dar recibo ao litigante vencedor. Prazerosamente assinava: “L.A.R. Apius”. O povo evidentemente o chamava de “Larapius”, palavra que no decorrer dos milênios tornou-se sinônimo de ladrão, gatuno, celerado. Dois mil anos se passaram e os L.A.R. Apius da vida parece que se reencarnaram no Brasil, ocupando as mesmas posições políticas e administrativas dos tempos romanos. São os rombos e os roubos neste ou naquele órgão governamental; são as falsificações de documentos da previdência por funcionários públicos de notórias repartições; são os marajás, cognome que era estranho, mas ficou usual em nosso cotidiano; e atualmente são os “mensaleiros”, os “sanguessugas”, os fabricadores de dossiês com valores em dinheiro vivo. Enfim, nosso país assemelha-se tanto a Roma antiga que não estaríamos muito longe de denominarmos nossos governantes de “Césares”. Até mesmo as orgias, as bacanais daqueles idos tempos fazem parte de nosso organograma social de hoje. Haja vista o que os carnavais têm apresentado oficialmente ano após ano. Só estão faltando os circos para as execuções públicas, mesmo porque são ainda realizadas clandestinamente, ou como dizem na “calada da noite”. Roma, neste caso, ganha do Brasil em razão da honestidade em matar pessoas publicamente. Em Roma havia a cruz para o suplício e morte; no Brasil sempre houve os paus-de-arara, que serviam para torturar os escravos. É, realmente moramos num país maravilhoso. Pelo menos para o futuro existe essa possibilidade de os ladrões em geral serem chamados de “políticos”. Assim, quando algum ladrão açambarcar a bolsa de uma senhora, a gente poderá gritar:

-Pega! Pega! Pega o político!



Jeovah de Moura Nunes

Jornalista e escritor



(publicado no jornal “Comércio do Jahu” nº 26773, de 09 de novembro de 2006 – quinta-feira, página 2 – Opinião)



www.rosasamorpoesias.blogspot.com/

www.artigosjornalísticossemfroteiras.blogspot.com/





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