No dia 10 de Outubro transacto, de regresso à ribalta televisiva, Maria Elisa apresentou em estreia o programa "Os Grandes Portugueses", no qual os telespectadores, através de vários meios de comunicação, deveriam eleger dentre todos os nossos maiores o mais marcante de toda a História de Portugal.
Como é hábito "rtpiano", mude-se o que se mudar, a importação televisiva, com reserva de direitos "originais-de", continua a dar estranha preferência a negócios estrangeiros. Os ingleses, no seu programa original, tinham elegido Winston Churchill como primo baluarte de sua alteza real e preferido a princesa Diana a Shakespeare.
Logo adiante, a 25 de Outubro, com a presença do humorista Ricardo Araújo Pereira, o filósofo e ensaísta Eduardo Lourenço, as escritoras Isabel Alçada e Lídia Jorge, o presidente da AMI, Fernando Nobre, os jornalistas Mário Bettencourt Resendes e Pedro Pinto, a investigadora Joana Amaral Dias e os professores universitários Luís Reis Torgal e José Hermano Saraiva, teve lugar o primeiro debate, algo assaz controverso, confuso e tendenciosamente inclinado a "assassinar" mais ainda a memória de um imortal, andem os ventos por onde andarem, passem por onde passarem e pergunte-se-lhes o que se perguntar.
A dado passo, logo que a "investigadora" Joana se soltou a chapinar a memória de um dos maiores estadistas políticos de todos os tempos, José Hermano Saraiva, tentando confrontar a "douta" conspurcação, foi distanciado do micro, mas ainda se ouviu explicar que o magnífico tecto da sala onde estava a ter lugar aquela peixeirada fora, em última intervenção, mandado zelar por António de Oliveira Salazar. De resto, por todos os cantos e ao cabo de quase 33 anos, os que hoje fruem a "política da doce vida" todos os dias se cruzam com o incontornável morto.
Enfim, em termos históricos, sob lúcido, tranquílo e sensato raciocínio, não entendo porque há pseudo-sumidades-nova-era (e os resultados estão à vista) empenhadíssimas a não atribuir a Salazar a inequívoca representatividade política que inegavelmente tem na lusa história, deveras muito mais positiva do que negativa.
Assim, dada a polémica instalada - presumo - o que era televisivo destelevisionou-se e o silêncio caíu abrupto sobre o programa que foi para a estrada questionar sobretudo os jovens sabichões portugueses entre a amálgama de pragmáticos saberes que colocou a pastilha elástica no lugar da batata.
Há cerca de um mês, através do jornal-furão do nosso circo quotidiano, soube-se que a votação estava mais ou menos apurada e que o resultado obtido terá tido o seguinte desfecho:
O Mais Marcante Português da História
1º. - Cunhal
2º. - Salazar
3º. - Sousa Mendes
4º. - Afonso Henriques
5º. - D.João II
6º. - Fernando Pessoa
7º. - Infante D.Henrique
8º. - Marquês de Pombal,
9º. - Vasco da Gama
10º.- Camões ou Egas Moniz...
Na altura, o nosso bardo-mor batia-se à rasquinha com o digno aio de Afonso Henriques para obter um modesto lugarzinho nos 10 primeiros. O que são hoje Os Lusíadas comparados com a inesquecível obra-prima "Avante Camarada"?...
O que é que um quadro assim explica? Quanto a mim e para portugueses a partir dos 60 anos, seja qual for a ideologia política em que militem, explica que tão cedo não sairemos da crise onde estrebuchamos e mais ainda nos afundaremos. E claro, pelo menos eu, não tenho dúvida alguma: a RTP contribui fortemente para isso. Avante, "levantai" hoje de novo o esplendor de quê? Da bola?!...