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Artigos-->ASSUNÇÃO ERA SEU NOME -- 13/01/2007 - 08:27 (Jeovah de Moura Nunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Às sete horas da manhã do dia 15 de agosto de 1942 desatracou do porto de Salvador, BA, um navio chamado “Baependi”. Este navio estava repleto de brasileiros – umas trezentas e cinqüenta pessoas –, incluindo a tripulação e uma unidade do Exército, cujos componentes – oficiais e soldados –, iam acompanhados de suas famílias, algumas com muitas crianças. À noite o navio iluminou-se em festiva comemoração ao aniversário do comissário de bordo. Um jantar alegre e farto foi servido a todos; uma orquestra tocou animadamente até tarde da noite. A alegria foi uma nota marcante a bordo. Enquanto no salão se dançava, lá fora na popa, os soldados, quase todos cariocas ficavam em cima de canhões e grandes caixas. Reunidos em grupos, tocavam pandeiros e batiam em latas cantando seus pagodes à moda dos morros no Rio de Janeiro. Tarde da noite as luzes se apagaram e o navio singrava a umas vinte milhas da costa baiana, quando subitamente um enorme estrondo sacudiu violentamente o navio. Quebraram-se vidraças, o madeiramento estalava e rangia, e depois se arremessou para cima voando estilhaços de vidro e madeira para todos os lados. Morrem as primeiras pessoas e muitas outras estavam com o rosto sangrando em razão dos fragmentos de vidro. Algumas totalmente cegas gritavam pedindo ajuda. Ninguém entendeu naquele momento o que estava acontecendo. No segundo estrondo, que neste caso foi violenta explosão, todos compreenderam tarde demais o quê estava acontecendo:

-Fomos torpedeados – gritou alguém.

O segundo torpedo foi o tiro de misericórdia. O “Baependi” começa a afundar rapidamente. O navio aderna para o lado esquerdo e o que era parede se transforma em chão. Não houve sequer tempo de baixarem as baleeiras. Gritos pungentes eram ouvidos por toda parte do navio. As águas envolvem o velho vapor de forma violenta, posto que o mar estava agitado naquela noite. Muitas pessoas foram arrancadas por ondas enormes no convés inclinado. O navio apita tenebrosamente, um apito longo, agonizante, de estertor. Depois totalmente submerso deixa uma camada de seres humanos lutando para não afundar, tentando nadar, agarrando-se a qualquer coisa que flutuasse. Gritos terríveis de socorro de homens, mulheres e crianças, que se afogavam em massa eram ouvidos na escuridão. Em minutos tudo foi silenciando e ouve-se um grito aqui outro acolá. A maioria daqueles viajantes sucumbiu.Uma única baleeira escapou do desastre ao ser arrancada dos ferros (turcos), que a prendiam no convés pela explosão do segundo torpedo. Trinta e seis sobreviventes apareceram em estado lastimável nas praias baianas. Mas, as famílias de pescadores não quiseram ajudá-los porque a maioria estava nua, ou somente com as roupas íntimas. Só depois de compreenderem o acontecido é que passaram a ajudar os náufragos. Quase todos os militares foram tragados pelas ondas. Um jovem tenente, depois de tentar socorrer muita gente e sabendo ao final que estava tudo perdido, cedeu o seu salva-vidas para uma senhora, a qual agarrava-se ao tombadilho. Isto feito gritou por várias vezes em alto e bom tom:

-Viva o Brasil!

Alguns soldados repetiram o grito. O jovem atirou-se ao mar escuro daquela noite alegre a princípio, mas que se tornou de triste memória. O jovem tenente – Assunção era o seu nome – lançara em voz vibrante aquele grito derradeiro de patriotismo, lembrando a todos nós dos compromissos de luta contra as ditaduras fascistas, nazistas, comunistas e seja o que for a atingir nossa liberdade e nossas vidas. Naquela mesma noite outro navio brasileiro foi torpedeado pelos nazistas: o “Araraquara”. Os sobreviventes do Baependi na baleeira viram os clarões distantes e os estrondos parecidos com trovões. Mas, ainda assim, o velho ditador Getúlio Vargas teimou em esperar mais dois anos para entrar na guerra. Muitos navios ainda foram a pique nas costas brasileiras para que o Brasil realmente se sensibilizasse, ou nascesse no povo a ojeriza com os nazistas. Hoje a América Latina começa a ficar semelhante à Europa de 1933 com os tais nacionalismos e socialismos. A continuar assim é indubitável que este continente sul-americano poderá ser varrido por uma guerra sem quartel e sem ideais verdadeiros, tal e qual a Europa de Hitler, de Stalin e dos maiores assassinos que o mundo já viu. Nossos paises e nossos avós foram testemunhas daquele sentimento orgulhoso e bestial, o qual é muito parecido com os líderes atuais da America Latina. Com os mesmos chavões, com as mesmos poses. Hugo Chaves tem a pose do Mussolini. Lula tem a pose de Stalin. O presidente da Argentina, que não me lembro do nome é um pequeno Hitler. O Evo Morales parece um urso perdido em não saber o quê fazer com seu país. Enfim, todos desviam os caminhos da democracia para uma "viagem" narcótica às ditaduras. Sempre elas. Quando não é da direitona será da esquerdona. E nós, o povo, acostumado às liberdades conquistadas pelos nossos ascendentes vamos - talvez - conhecer de verdade o que seja uma ditadura com mãos de ferros. Já que até agora não vimos nada!



Jeovah de Moura Nunes

Jornalista e escritor

jeovahmnunes@hotmail.com



http://artigosjornalisticossemfronteiras.blogspot.com/



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