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Artigos-->Alguém há-de explicar como se fabrica um criminoso -- 24/01/2007 - 02:35 (António Torre da Guia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O que é que eu sei?... Penso... Raciocino... Presumo que a experiência que fui adquirindo ao longo de quase 70 anos de vida não me tenha de todo enganado e deturpado por completo o condão de aquilatar sobre a probabilidade dos factos. De resto, desde sempre ouvi dizer que a sociedade é a exclusiva culpada das anomalias que crepitam e eclodem no seu seio.



Procurando melhor futuro para a sua vida, uma brasileira, tal como milhares e milhares delas induzidas por "espíritos-santos-de-orelha-de-que-assim-não-custa-nada", terá chegado há cerca de sete anos a Portugal. Trabalhando ali, trabalhando acolá, curtindo ali e curtindo acolá, a brasileira ficou grávida e algo de confuso quanto a autoria paternal se espalhou ao seu redor. Só Deus sabendo como, ao cabo do tempo óbvio, a mulher deu à luz uma menina a quem pôs o curioso nome de Esmeralda. Em situação aflitiva e quiçá de extrema carência, abandonada entre os nefandos amores que foi fruindo, decidiu-se a entregar sua filha ao cuidado de um casal, no caso um sargento da aviação e sua esposa, que à partida lhe dava as melhores garantias de trato e bom futuro para a Esmeralda. Qual é a mãe que em semelhantes circunstâncias um tal almejo não acalenta?



Ora, a brasileira, em envolvência social, fosse ela do género que fosse, algures estaria, mas quem bem disso sabe ou deveria saber são sem dúdiva as autoridades sociais que tiveram e têm a meada do caso entre mãos. Há quem insinue que a brasileira vendeu a filha ao casal adoptante.



O tempo decorre e, consoante a Esmeralda vai crescendo, se desenvolvendo, se afeiçoando sádia e feliz completamente fora da esconsidade dos amores fatais, a reflexão perversa começou também a estender seus tentáculos até chegar às portas da justiça. De um momento para o outro, após teste médico, o pai biológico assume-se e aparece a reclamar judicialmente a posse da filha e uma indemnização para os danos psicológicos que tem sofrido. Esta última premissa é de bradar ao deuses do ridículo mas teve de facto cabimento na sentença que recaiu sobre o sargento Luís Gomes, condenado por sequestro de menor a 6 anos de prisão efectiva, porque se recusou a devolver a sua menina a tão insensível e estranha estultícia.



Um delicado assunto que em princípio tinha encontrado naturalmente a solução ideal, submetido à lupa da Lei e seguindo os habituais trânsmites que trituram de desumanidade tantas e tantas crianças, deu para fabricar bem defronte aos olhos da sociedade um "criminoso condenado" que toda a gente sabe que é afinal um cidadão acima do habitual padrão colectivo.



Vimos e ouvimos em plena RTP um tribuno judicial a defender com unhas e dentes os medievais direitos do "marsapo ideal", indiferente à delicadeza dos factos que aparecem acumulados numa menina que tem agora perto de 5 anos e vive feliz entre suas afeições. Vimos, ouvimos e acabamos de constatar sobretudo que não é para admirar que os absurdos de monta continuem a decorrer com toda a normalidade seja em que vertente for.



Vá, Dona Justiça, deixe cair a venda, a balança, a espada e estenda a sua mãozinha: o Povo pretende dar-lhe uma bem esclarecida palmatoada.



António Torre da Guia
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