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Artigos-->PAC: UM PROGRAMA MAIS PARA OBRAS -- 30/01/2007 - 15:00 (Jeovah de Moura Nunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O impacto do PAC – Programa de Aceleração do Crescimento não foi o esperado pelo presidente Lula, não obstante o seu inflamado discurso ao anunciá-lo para os próximos quatro anos, e segundo ele, com previsão para os primeiros quatro anos do próximo governo. Setores da economia ainda tem o cuidado de não acreditar tanto no otimismo do presidente. Segundo alguns especialistas em política-econômica o rugido de Lula não passa de um miado. Se fizermos uma comparação do tamanho de nosso país e o tamanho das necessidades do povo de nosso país, 500 bilhões de reais são uma insignificância. Servirão apenas para realizar obras e mais obras, transformando muitas regiões em canteiros de obras. É, portanto uma medida política esse programa, uma vez que investimentos assim deveriam ser de competência restrita aos ministérios de forma rotineira, porque são eles que projetam e apresentam ao presidente para aprovação. Em seguida põem mãos à obra sem nenhum alarde político. Não havia necessidade de discursos e ostentações do presidente, visto tratar-se de uma obrigação do governo preocupar-se em realizar a competente manutenção do sistema viário, incluso estradas, portos, ferrovias, navegação e o transporte aéreo, este último vivendo seus dias tenebrosos. Um país sem os meios de transportes adequados não poderá importar e exportar mercadorias e serviços numa demanda igual à produção. As estradas brasileiras estão abandonadas pelo poder público, cujo interesse maior é a terceirização, exonerando-se das obrigações e dos deveres de um bom governante. A terceirização das estradas é bancada pelo usuário, que neste caso, também paga outras contas como IPVA, licenciamento rotineiro do veículo como se o ano novo tivesse alguma coisa relacionada com o carro. O licenciamento de um veículo motorizado deveria ser para sempre, ou até a próxima troca de proprietário. O PAC sequer mencionou uma atenção especial ao meio-ambiente. Pelo contrário, esse programa dá sinal verde para os desmatamentos indiscriminados, no intuito de desenvolver áreas para – sem dúvida – o plantio de soja pelos grandes fazendeiros, já que os pequenos não têm essa possibilidade sem os recursos de maquinaria. Os governadores não estão satisfeitos com esse programa porque – segundo eles – irá desonerar recursos dos Estados. Neste caso, somos favoráveis ao programa. Os Estados nunca se preocuparam em desonerar os seus cidadãos. Sempre cobraram impostos, ICMS e taxas diversas como se fossem à revelia das leis. Se um Estado cobra 12% de ICMS, o outro cobra 25%, fazendo com que indústrias pratiquem as migrações de um Estado para outro, surgindo a chamada “guerra fiscal”. Somos taxados escandalosamente pelo município, pelo Estado e pela União para ao final, não vislumbrarmos nenhum progresso em nossa cidade, em nosso estado em nosso país, a não ser estradas com buracos recém-tapados para efeitos políticos e agora vão se abrindo, voltando ao que era, ou ficando pior do que estava antes de serem tapados. Na última quarta-feira foi anunciada a nova taxa selic de juros. Caiu de 13,25% ao ano para 13% ao ano. Ora, esse comportamento contraria a pressa do PAC, cuja criação foi apenas nesse intuito de crescermos nos próximos quatro anos. Com os juros ainda sendo os mais altos do mundo como vamos crescer? Isto foi um sinal claro de que nada vai acontecer a não ser a geração de empregos para construtoras, engenharia civil e o pessoal obreiro. Emprego fixo e consolidado vai continuar em baixa em todo o país. Mas, nossa mágoa maior foi esse PAC ignorar o meio-ambiente. Estamos vivendo dias assinalados pela natureza como um basta ao comportamento predatório em todo o mundo. Parece que só aqui em nosso país a devastação não tem data para terminar, ou terminará quando a última árvore for derrubada.



Jeovah de Moura Nunes

Jornalista e escritor

jeovahmnunes@hotmail.com



(publicado no jornal “Comércio do Jahu” nº 26843 de terça-feira, dia 30 de janeiro de 2007 – página 2 – Opinião).





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