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Artigos-->Educação Sexual -- 13/02/2007 - 10:24 (Maria Augusta Camargo Schimidt) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
EDUCAÇÃO SEXUAL

P/ Profª. Augusta Schimidt/2007





Por envolver valores culturais e sociais, a sexualidade precisa ser ensinada sob os mais variados enfoques. Desde a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais, em 1986, a Educação Sexual em muitas escolas ainda se restringe às aulas de Ciências.

Os temas propostos nos PCNs e sistematizados no projeto da FDE -, podem ser desenvolvidos em turmas do Ensino Fundamental, sempre tomando o cuidado de adaptar o conteúdo para as diferentes faixas etárias e níveis de conhecimento.



A ABORDAGEM EM DIVERSAS DISCIPLINAS ( de acordo com Nivaldo Leal dos Santos, gerente da Fundação para o Desenvolvimento da Educação da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo e responsável e coordenador do projeto Prevenção Também se Ensina).

ARTES

Estudo sobre a representação do corpo expressas em diversas épocas, nas diferentes manifestações artísticas.

Produção de desenhos, esculturas e pinturas que tenham como tema o corpo humano.

Montagem de cenas teatrais que tenham como tema o drama dos jovens em relação à gravidez na adolescência, sexo, amor, amizade etc.

Produção de campanhas publicitárias de prevenção à DST/AIDS e gravidez na adolescência.

Expressão corporal por meio da dança.

Discussão sobre a discriminação dos meninos nas atividades artísticas (dança principalmente).

CIÊNCIAS NATURAIS

Transformações do corpo na puberdade, relacionando-os também ás mudanças emocionais e psicológicas.

Mecanismos de concepção, contracepção, gravidez e parto.

Tipos de exames de sangue feitos nos testes de gravidez e HIV.

Formas de transmissão e de prevenção do vírus HIV.



EDUCAÇÃO FÍSICA

O respeito ao corpo e a construção de uma cultura corporal. Como gostar do próprio corpo e respeitá-lo, física e psicologicamente.

Questionamento dos padrões de beleza ditados pela mídia.

Atividades em que ambos os sexos possam fazer juntos, sem separação entre meninos e meninas.

GEOGRAFIA

Levantamento das regiões brasileiras em que a fecundidade é maior ou menor e suas razões.

Estudo das regiões mais afetadas pela epidemia da AIDS no Brasil e no mundo e as causas dessa vulnerabilidade.

Pesquisa sobre a forma como o vírus da AIDS se espalhou pelos diversos continentes.

HISTÓRIA

O papel da mulher na sociedade através do tempo, suas lutas e conquistas.

Como a sexualidade é vivida em diferentes culturas, tempos e lugares.

A expressão da sexualidade por meio do vestuário e da maneira de enfeitar e lidar com o corpo.

O corpo e os modos de usá-lo, representá-lo e valorizá-lo em diversas sociedades.

A homossexualidade e os povos antigos. A homossexualidade na história.

LÍNGUA ESTRANGEIRA

Exploração das diferentes conotações atribuídas ao masculino e ao feminino em vário países e culturas.

LÍNGUA PORTUGUESA

Estudo das regras do idioma que estabelecem o plural no masculino (o que inclui as mulheres). Por que o plural feminino exclui os homens?

Leitura de textos literários, jornalísticos ou poéticos que falem sobre situações de violência contra a mulher e contra homossexuais.

Análise dos verbetes “homem” e “mulher” no dicionário e as diferenças na forma de tratamento.

Percepção das características de gênero pela análise de personagens de romances de época.





MATEMÁTICA

Produção de gráficos e tabelas sobre: gravidez na adolescência no Brasil; avanços na epidemia da AIDS em diferentes populações.

Estudos sobre a possibilidade de engravidar nos diversos períodos do ciclo menstrual.



É importante que se saiba que segundo pesquisa realizada pelo ministério da Saúde, a partir de dados do Censo Escolar, as dificuldades começam no despreparo dos professores, passam pelo medo dos pais e pela atual cultura relacionada a sexo. O relatório mostra ainda que, quando existe alguma informação, ela não é aprofundada de forma que consiga transformar comportamentos.

As escolas recebem inúmeras crianças de vários níveis sociais e, no entanto, não há tempo, profissionais preparados e materiais adequados para desenvolver sequer as disciplinas obrigatórias, quem dirá os temas transversais, como o da sexualidade. É preciso que o Estado perceba que nem todos os professores são capazes de trabalhar o tema. O profissional de educação sexual precisa estar livre de preconceitos, sejam eles frutos de sua vivência, religião ou ponto de vista, pois um trabalho feito de forma preconceituosa pode ter o efeito contrário ao esperado.

O Ministério da Saúde e o Ministério da Educação desenvolvem o programa Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE). Programa este que estimula as escolas a adotarem a educação sexual em seus currículos e discute com pais, professores e diretores a melhor forma de distribuir preservativos aos jovens. O SPE também é desenvolvido em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

Pesquisa feita pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e divulgada no ano passado, a escola é o segundo lugar mais apontado pelos jovens para obter informações sobre aids. Em primeiro vem a família e em terceiro a televisão.

Conforme o estudo do governo federal, a maioria das escolas tem o professor como responsável pelas atividades relacionadas à área de DST/Aids. Os professores capacitados para conscientizar os jovens correspondem a 43% do total pesquisado e os não capacitados são 35% do todo.

Profissionais de saúde de nível superior também participam das atividades em 36% das escolas, assim como os profissionais de saúde de nível médio (18%), membros de Organizações da Sociedade Civil (8%) e outros profissionais (19%). "Tratar sobre sexualidade e prevenção às doenças sexualmente transmissíveis e aids dentro do ambiente escolar tem contribuído para derrubar tabus e despertar a consciência dos jovens, promovendo uma transformação social onde há cada vez menos espaço para a discriminação.

O Programa Saúde e Prevenção nas Escolas preocupa-se em estimular ainda mais o ensino da educação sexual nas escolas. Para auxiliar na divulgação do programa, foi elaborado o Guia de Formação para Profissionais de Saúde, que auxilia na capacitação dos profissionais de educação e saúde que trabalham junto à população. Existe também o Guia de Formação para Jovens, com um conteúdo mais apropriado para essa faixa etária.

Além dos guias, são montadas oficinas macrorregionais com representantes da Secretaria de Saúde, Universidades e demais interessados no projeto. Nas oficinas surgem discussões de questões como sexualidade, doenças sexualmente transmissíveis, gravidez, cidadania e planos de ação.

O governo criou o Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE) em 2003. Além da prevenção de doenças, o programa também leva informação ao adolescente sobre o uso da camisinha para evitar a gravidez. A iniciativa surgiu com a proposta de trabalhar em conjunto as três esferas (federal, estadual e municipal) do governo nas áreas de Saúde e Educação.

Para implementar essas ações, o poder público conta com a colaboração da Unesco e da Unicef. O Saúde e Prevenção tem como finalidade ampliar ainda mais a disponibilização de preservativos nas escolas..

A Pesquisa sobre Comportamento Sexual e Percepções da População Brasileira sobre HIV e Aids (1998-2005), realizada pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), mostra que o brasileiro está usando cada vez mais o preservativo na sua primeira relação sexual. Em 1998, 47,8% dos indivíduos entre 16 e 19 anos utilizaram a camisinha na sua primeira relação. Em 2005 foi constatado que esse numero subiu para 65,8%.



O crescimento está relacionado com o aumento das campanhas de divulgação.





Proibir é lutar contra a natureza: Descobrir o corpo e como ele pode dar prazer (o corpo erótico) faz parte do desenvolvimento da criança. Ao perceber a sensação gostosa que o toque provoca, ela vai querer repetir o ato.

As aulas sobre sexualidade são marcantes para os jovens, pois nelas eles aprendem a conhecer seus desejos, necessidades e afetos (e a lidar com eles).

A postura do professor orientador ao tratar do assunto é muito importante. Por isso, os especialistas recomendam prestar atenção nos seguintes detalhes:

Qualquer dúvida, por mais simples que pareça, é relevante e pertinente.

Ouvir, mais do que falar, é a melhor conduta. Estimule o debate e deixe os estudantes tirarem as próprias conclusões.

Caso alguém pergunte, sua opinião sobre o tema deve ser dada no final da discussão.

Apresente informações científicas sempre que necessário, sem emitir juízos.

Para não expor ninguém, o ideal é levantar dúvidas sem personalizar (os estudantes encaminham as questões por escrito ou produzem cartazes em que todos escrevem o que já sabem sobre determinado assunto).

Perguntas sobre a conduta pessoal dos alunos são constrangedoras, pois pode parecer que você quer policiar as atitudes deles. Mantenha a discussão genérica, sem se intrometer na intimidade da garotada.

As escolas com programas de educação sexual costumam comunicar os pais sobre a iniciativa antes de iniciar as aulas.

Geralmente a idéia é bem acolhida. Mas muitas famílias temem que as conversas levem a uma iniciação precoce da vida sexual do adolescente, o que (obviamente) não é o objetivo da escola. Por isso, nas conversas com os familiares, cabe aos professores:

Mostrar que a educação sexual está prevista nos PCN e faz parte do projeto pedagógico.

Enfatizar que o papel da escola é passar informações científicas e propiciar o debate de temas pertinentes à idade de cada turma, tentando com isso aplacar as angústias dos adolescentes em relação ao tema.

Explicar que o objetivo maior é fazer com que os jovens tenham uma vida saudável e entendam o que acontece com eles quando os hormônios estão em ebulição.

Deixar claro que os valores morais e religiosos da família não serão questionados em nenhum momento.

Convidar os pais, sempre que possível, a participar de um bate-papo em sala de aula com os estudantes (eles podem contar como lidavam com a sexualidade quando eram adolescentes e, diante de um grupo grande de jovens, sem a pressão de estar "a sós" com o filho, ouvir os dilemas da moçada de hoje).

Proporcionar atividades paralelas aos alunos cujos pais se oponham à participação do filho nas atividades de educação sexual.

Pessoas com deficiências físicas, mentais ou sensoriais manifestam sua sexualidade tanto quanto os demais. O problema é que muitos os consideram "anormais" e, portanto, vêem essas atitudes também como anomalias. O tratamento deve ser igual para todos, com abordagem adaptada ao tipo de deficiência do aluno.

Com alunos com deficiência mental, é preciso tornar as informações mais acessíveis e repeti-las várias vezes usando linguagem simples, material concreto ou exemplos. Geralmente quem tem deficiência física apresenta auto-estima corporal baixa por não se enquadrar no "padrão de beleza". Falar do corpo, para eles, costuma ser difícil. Histórias de pessoas com deficiência que se realizaram pessoal e profissionalmente podem ajudar muito assim como a adaptação das atividades de sala de aula para incluí-los.

Alunos com deficiência visual precisam de material concreto para manipular, como modelos dos órgãos sexuais e esquemas em alto-relevo.

Já quem tem deficiência auditiva nem sempre consegue explicar suas dúvidas para o educador, que muitas vezes tem dificuldade para transmitir as informações a eles. A solução é usar muitas figuras, diagramas e esquemas para facilitar a visualização e a assimilação dos conteúdos.

Toda criança tem a tendência de imitar os adultos. O que normalmente vêem na TV, cenas de novelas e filmes faz com que elas comecem a despertar o desejo sexual de forma errônea tornando-se difícil a reeducação. Os pais precisam tomar consciência do que seus filhos fazem, assistem e aprendem.

A fase da descoberta é também a fase onde crianças e adolescentes testam limites e tanto em casa como na escola precisam ser informados dos limites, do que podem e do que não podem fazer. Portanto a educação sexual na escola desde o ensino fundamental é muito importante para o bom desenvolvimento da criança que pretendemos formar. A escola complementa a educação familiar contribuindo para que se formem verdadeiros cidadãos.



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