Enquanto o cruzado-Bush, o proclamado "positivo económico do mundo", visitou o Brasil à procura de mais energia ainda entre o aplaudido "vai-te embora" do povão que aguenta a sambar o mensalão, o nosso peregrino-Cavaco, o desconhecido "negativo económico europeu", visitou, com cordato, sereno e sentido aplauso, o oásis-anão luxemburguês onde largos milhares de portugueses, com dignificante prestígio de humildade em ouro, labutam com franco proveito enquanto sonham o regresso a Portugal, destino-marcado que faz comichão na pele, mas que sabe bem coçar.
Conheço tanto um como outro e o que conheço resume-se ao que a comunicação social profusamente me coloca ao dispor. O resto, o raciocínio que faço sobre ambos é uma predicado muito meu que nem que quisesse me posso desfazer dele, a não ser que me desse ao coice que Camilo preferiu: à inteligência só um burro pode fazer bem definitivo!...
É natural que um destes dias adiante, Cavaco Silva, por implícita obrigatoriedade de funções, tenha de apertar a mão de George Bush. O que o meu Presidente da República intimamente pensar, ao sentir umas tão famosas impressões digitais, é do seu exclusivo foro íntimo.
Se esse presidencial encontro vier a ocorrer, desde já, de uma coisa estou absolutamente convencido e certo: vai haver mais luz para os portugueses. O resultado da teoria da técnica eléctrica que um dia fui obrigado a praticar, fez-me intuir que o negativo, o neutro, é que aguenta estoicamente a descarga dos inopinados ou propositados curtos-circuitos e, ao ligar-se de novo, resulta sempre...