Jaú, cidade onde moramos todos nós, que somos jauenses por nascimento, vocação, ou de coração, é uma cidade doente. Poderia ser uma das melhores cidades do interior paulista, tanto no avanço de sua indústria, quanto na melhoria da qualidade de vida da população. A indústria melhora graças ao empresariado competente e trabalhador, obrando o milagre de gerar empregos para muitos trabalhadores. Gente que ama o que faz. Muitas indústrias de calçados obtiveram o sucesso pela teimosia de seus dirigentes, mas poderia ser melhor se tivessem os apoios incondicionais dos políticos e dos governantes, os quais parecem alienados aos acontecimentos nesta cidade. Enquanto a notícia explodia como uma bomba no “Comércio” de 06 de março, sobre a ação civil do MPF contra o atual prefeito e mais quatro pessoas envolvidas no “escândalo do Plano Diretor”, no dia seguinte o empresariado se reunia num bonito evento para ampliar o reconhecimento do pólo jauense como referência em moda. Em outras palavras: enquanto alguns políticos pelejam suas falcatruas e enganam o povo, o empresário, que também não passa de um trabalhador, procura reforçar nossa maior divisa econômica: os calçados femininos, lutando assim para manter uma maior geração de empregos.
Da Jaú que conhecemos em 1957 até aos dias atuais não mudou muita coisa, com exceção do crescimento físico e populacional, avançando numa frente de povoação de bairros distantes do centro e cada vez mais aumentando de extensão. Nesse bairrismo em volta da cidade mora gente necessitada de emprego e cadê os empregos prometidos pelo atual prefeito? Dá para imaginar os empregos prometidos como sendo lá mesmo na Prefeitura, já que a casa está mesmo cheia, vazando gente pelo ladrão. Ao atual prefeito faltou e muito a sensibilidade de um político capaz de entender e atender os reclamos da população jauense.
Conhecemos recentemente o ponto de ônibus chamado de “terminal de ônibus circular”. Ficamos estupefatos. Foi construído de uma maneira que poderíamos chamar de modesta em sendo pobre mesmo. Jaú não merecia tal obra. O povo jauense merece um terminal de ônibus circulares bem mais bonito, bem mais acabado, tendo inclusive banheiros interiores, banca de jornal, banca de frutas e outras bancas vendendo coisas de necessidades urgentes. O que vimos ali foi de assustar. Vimos praticamente dois barracões: um ao lado do outro. Alguns bancos para os passageiros esperarem e um guichê paupérrimo. Dava dó de ver. Sentimos enorme frustração. Parecia ser obra de um particular que não conseguiu empréstimo bancário. Ficamos envergonhados. Percebe-se claramente que quase toda a arrecadação da prefeitura de Jaú é apenas para pagamentos de robustos salários, não sendo robustos os salários dos servidores profissionais mais antigos. Lembramos de um “editorial” do “Comércio” onde dizia o seguinte: “a realidade dos municípios é essa e as prefeituras só não estão completamente estagnadas por causa da atuação incansável do Ministério Público e da cobrança incessante de parte da imprensa de Jaú”. Não há mais nada a esperar daqui até as próximas eleições. A esperança de todos nós é que apareça um trabalhador com T maiúsculo para dirigir esta cidade. Oito anos de marasmo dá até para as lesmas perderem a paciência. Jaú, terra de gente que trabalha. Basta andar pelos bairros distantes e vamos ver e ouvir máquinas trabalhando em garagens, em corredores, em salas, repletas de pessoas humildes, desejando vencer na vida. É bonito de se ver. Mas, é triste saber que os políticos daqui nada fazem pela gente trabalhadeira. Não investem o dinheiro público em cursos, escolas e toda a forma de ensino, dando aos jovens a oportunidade de aprender e se tornar um trabalhador no ramo calçadista, posto que é o calçado feminino o filão gerador de empregos nesta cidade. Jaú merecia e sempre mereceu coisas melhores e não essa bagaceira que estamos testemunhando nestes últimos sete anos.
Jeovah de Moura Nunes
Jornalista e escritor
(publicado no jornal “Comércio do Jahu nº 26879, de terça-feira, dia 13 de março de 2007 – página 2 – Opinião).