É o tal do “ficar” das noites atuais uma infeliz escola que sobrevive do apregoamento da corrupção sentimental. A banalização emotiva que permeia essa forma de relacionamento não é plausível de conotação objetiva, suas reentrâncias conceituais descrevem linhas sinuosas de indignidade e desvalorização, onde campeia a intriga e a opressão dos desfavorecidos esteticamente, triunfando sobre a sinceridade sentimental a audácia de moderníssimas formas de sedução perversa.
É o fim dos relacionamentos calcados no respeito e na admiração. Hoje o ilustrar do gozo estético não é o bastante, o fast love complica-se num estrangulamento do caráter, a forma mais covarde de proteção contra as desilusões amorosas, a busca da vantagem oportunista em detrimento da sinceridade emotiva.
É necessário que entendam; beijos e abraços não fazem o amor, não fazem romances, apenas exercitam-nos, e este belo exercício sentimental não pode frutificar de belas palavras de ocasião, e sim da proximidade circunstancial de pessoas que se admiram.
Enfim, que não seja esse breve texto um clamor de instituição religioso ou um grito para um levante moralista. Que seja esse chamado um ponto para reflexão, em que instantes de pensamento sejam fontes de energia para a afronta desta infame ditadura que a passos largos vêm oprimindo o mais belo dos sentimentos inerentes aos seres humanos. Sejamos pois conscientes da herança de sangue que banalização emocional nos tem preparado e quem sabe um dia, felizes na loteria do destino haja possibilidade do desfrute de beijos como símbolos puros de dedicação pessoal, respeito e amor...