Não se diga que os acólitos da situação do "está-se bem assim" não fizeram tudo quanto lhes esteve ao alcance para concretizar, desta feita e ao cabo de 37 anos (meia-vida), o funeral à memória de Salazar. Não se diga que a maioria das figuras em destaque, passando e repassando no ecrã televisivo, descuraram o superlativo absoluto simples de fascismo atribuído ao ditador, um português sem equívoco que tudo deu de si a Portugal, tentando transmiti-lo um pouco melhor do que o recebeu aos seus vindouros. Não se diga que, mesmo após o resultado consumado, se alegou ainda, sob a Lei da actual Constituíção Portuguesa, que um tal desfecho deveria ser eliminado.
Diga-se sim e à vontade que a votação de 73,1% reunida por Salazar, Cunhal e Mendes constituem em mérito a diferença percentual que os avança sobre os sete outros vultos, ignorando a vergonhosa tara racional que os números revelam.
Assim, faça-se pois uma outra História de Portugal à medida do critério decorrente que mais voz tem entre o maioritário silêncio íntimo que grita para a sua própria pele.
Ao longo de quase meio-ano, vi, ouvi e senti duas centenas de pessoas que de forma alguma pactuariam com um ordenado mensal de 400 euros (a trabalhar duro) ou uma reforma de 150 (em mais vale ir desta do que penar assim). Estão bem? Deixem-se pois estar. As quatro corajosas excepções que vislumbrei alimentam-me suficientemente o espírito para continuar acreditando que ainda há justa isenção em Portugal.