Coloquei de lado e em cuidado zelo a 10ª. página do JN de Domingo Páscoa em 2007, página sem medo, branco no preto para maior relevo defronte aos olhos dos Leitores: " Apito Dourado - Escutas expõem teia de favores entre major, políticos e autarcas".
À parte futebóis, aquelas «normalíssimas conversas em particular que toda a gente tem», sob escuta telefónica registada por competentes e autorizados servidores do Estado, revelam negociatas e interesses ilícitos completamente fora do âmbito legal que os indivíduos investigados então representavam e ainda surpreendentemente representam apesar dos flagrantíssimos peso e contornos das suspeições em face das provas auditivas.
A lista dos interligados em apreço, em fotos coloridas e respectivas legendas, onde Valentim Loureiro sobressai em tamanho, impressiona qualquer Leitor que não tenha ainda colocado as peças no sítio certo do tabuleiro racional:
José Luís Arnaut = ex-ministro adjunto de Durão Barroso
Miguel Relvas = ex-secretário de Estado da Administração Local
Hermínio Loureiro = ex-secretário de Estado do Desporto - actual presidente da Liga de Futebol
Jorge Costa = ex-secretário de Estado das Obras Públicas e ex-vereador da Câmara de Gondomar
António Mortágua = juiz no Supremo Tribunal
Pimenta Machado = ex-presidente do Guimarães
Mesquita Machado = presidente da Câmara Municipal de Braga
Ferreira Torres = ex-presidente da Câmara do Marco de Canavezes
Vatentim Loureiro = o que é que não é?
Facil é de deduzir que os citados não tiveram um Domingo de Páscoa psicologicamente tranquílo, pelo menos a partir do momento em que tomaram conhecimento da destacada exposição pública feita pelo JN, o tal jornal que, sob a alarve mira escrevinhante de dois ou três vesgos deprimidos cerebrais, pratica lesantes cortes radicais aos seus importantes e esclarecidíssimos «desabafozinhos» tendencialmente verrinos e vexantes, consoante lhes dê na entontecida e invejosa veneta.
E agora? Agora que se sabe algo que mereceria em oportuno tempo tomada de óbvias e exemplares medidas, ainda que pelo menos preventivas? Sim, agora, que publicamente se conhecem sem hipótese de habilidosos caracoleios os filamentos sonoros com que se cozinhava a teia e fazia correr a baba? Como é que ficam as pessoas que estejam, dependam ou passem sob a decisão de semelhante entrelace? Não me digam que vão injectar segregação suplementar na aranha para que recomece uma nova tecitura. Olhem que o bicharôco, numa outra posição, recomeçará imediatamente.
Avelino Ferreira Torres, segundo apontamento no JN de hoje, afirma que ninguém como ele sabe mais sobre os meandros que deram azo ao «Apito Dourado», nem mesmo Pinto da Costa e Valentim Loureiro. Ora então porque não é intimado a apitar o que sabe como o foi Carolina Salgado?
Entretanto, enquanto casos como este, e outros que infelizmente se seguirão, tiverem tão estranhíssimo e inepto tratamento judicial, de certeza absoluta que será a mesma coisa como tentar secar um chão onde chove permanentemente. Daí, já não tardará que o rigor tenha de ser implantado abruptamente, algo que, por mais justo e imprescindível que seja, não será democraticamente bem aceite e eficiente.