Ao cabo de dois anos de governação (eu chamar-lhe-ia ávida e irresponsável sucção) constata-se que nenhum dos empoleirados sofreu ainda a mínima beliscadura no seu lauto e imune estadão oficial.
Não se percebe como é que um Governo que tem mexido forte e feio no cinto e na cinta do mexilhão público, afectando de lés a lés todo o tecido social, ainda não tivesse mexido um só olhó sobre as delicadíssimas barriguinhas daqueles que de facto nada mexem e se limitam a remexer em câmara-lenta seus reprentativos fundilhos no inepto sorvedouro de São Bento.
Não se entende, perante o famigerado défice que se coloca, como não se manda urgentemente tratar de vida, sem proteccionismo elevador e descarado favorecimento, pelo menos a metade da surripiante malandrice que sem o mínimo pejo se banha, rebanha e perfuma no suor dos portugueses que a sério trabalham e estoicamente suportam a tenaz locupletação que a rodos decorre.
Quedo-me boquiaberto como é possível garantir uma vida inteira de sossego económico apenas com meia-dúzia de anos de ridículo paleio no Parlamento, onde muito mais de metade das doutas-cabecinhas-engenhoqueiras se limita a bater palminhas para não aumentar o saco das asneiras.
Há quantos anos andam Jaime Gama, Marques Mendes, Jerónimo de Sousa, Ribeiro e Castro, Francisco Louçã e quejandos arautos da mesmíssima coisa até à náusea nisto? Qual deles tem dificuldades económicas para não saber o que é que há-de fazer à vida? Quem deveras conduziu o país ao soçobrante estado que todos sem equívoco constatam?
Fui eu!...
António Torre da Guia
Porto - Portugal |