Dá mesmo pra coçar a cabeça e meter o polegar não sei aonde...Desde que Abril decorrente se abriu, os que à comunicação social através dos seus diversos veículos, como eu, prestam algum atento interesse, deverão estar perplexos entre o balanço do que têm visto-ouvido-lido sobre o «caso diplomado» e as explicações que a administração da Universidade Independente acaba de dar (18 Abril 20h00) aos noticiários televisivos.
Todas as defensivas explicações que vi e ouvi à volta do reboliço que se instalou sobre as habilitações universitárias do ex-aluno que não quis ser professor, nunca se conjugaram em convicção, ou seja: as palavras pareceram-me uma coisa e som-e-fisionomia pareceram-me outra. Sequer um vincozinho de indignada revolta vislumbrei. Fiquei com a ideia de que um anjinho-do-céu, acusado de gravíssimo pecado, reagiu, assim como os anjinhos acólitos, com excelsa compreensão e antecipado perdão defronte a um tal «boatão-ou-não».
Recolocando, tocando os microfones a certificar-se de que iria ser bem escutado, o presidente da administração da UnI, lendo numa folha modelo A4 o que deveria ter comunicado no dia anterior, sem «bomba» alguma, deu-me a sensação, consoante foi exprimindo em sufocada voz os vocábulos de-lineu, de que me rebentava com os miolos todos.
Sobre este tão estranhíssimo desiderato, ao apreciá-lo por escrito, comecei a fazê-lo com sincera e tranquíla convicção, mas, a partir daqui, sinto-me intimidado e fico-me só nesta: eu, deveras, não sei que voltas se podem dar à constituição de um diploma de nível superior.
Assim, sem comentários poéticos ou patéticos, limitar-me-ei ao mesmo prudente silêncio do Presidente da República. Ele, sim, a todos os níveis, está a absorver e a avaliar com competência o que de facto se passa. Está pois naturalmente à altura de saber qual é a conveniência do país entre todas as dúvidas que se levantam e levantarão.
Acontece frequentemente que a tentativa de corrigir um mínimo defeito numa peça valiosa, para quem não sabe o que está a fazer, destrói e desvaloriza a peça por completo.
António Torre da Guia |