O ser humano é mesmo muito esquisito.
Sempre quando criticamos alguém a respeito de sua personalidade, comportamento, opinião, etc, acreditamos que a razão esteja do nosso lado e, por isso, que o indivíduo-alvo da nossa crítica deve a ela se submeter mansamente, aceitar com passividade e resignação todos aqueles argumentos – sutis ou truculentos – dos quais nos utilizamos para critica-lo.
No entanto quando a situação se inverte, quando somos nós quem nos tornamos alvo de críticas, agimos exatamente do modo inverso daquele que desejamos ver naqueles que criticamos.
A crítica é cruel, arrogante e tirânica, posto que hermética em sua natureza de invulnerabilidade enquanto opinião.
Não interessa se ela for fundamentada ou não, que tenha cabimento, propriedade, bom senso, verdade...
O que interessa que a crítica é.
A crítica existe e justifica-se por si mesma independente de em seu interior, em sua essência, conter algo que a transforme em um axioma.
Pois bem, se assim a compreendermos podemos todos concluir que, em algum tempo – ou determinada época – nos tornamos verdadeiros monstros sociais que se arvoram num direito-que-sabe-se-lá-de-onde-veio para julgar, (pré) conceituar, definir, estatuir, ditar, concluir, sobre tudo e, principalmente, sobre todos. Ah, e já ia me esquecendo: e criticar também.
Muitas dessas vezes não nos damos conta da dimensão que pode tomar um processo de crítica ao nosso semelhante, que se inicia por alguma indignação ou excitação e pode terminar em uma total devastação moral e pessoal, e isso em todas as direções da crítica, seja negativa ou positiva, pois se a primeira destrói pelo impropério a segunda o faz pelo elogio.
Ao contrário do que muitos possam pensar, uma crítica negativa pode ser libertadora ao passo que uma positiva pode ser altamente escravizante.
O fato é que todas as críticas são uma só, posto serem fruto de um único sentimento compartilhado por todos – a vaidade.
Assim redamo-nos à crítica – essa eterna e tão humana forma de sermos todos a pior face da Criação.
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