Muita coisa ainda precisa ser dita a respeito de Luís Inácio Lula da Silva. Pode-se ter um enfoque totalmente fora do convencional.
O primeiro é o passado arquetípico retirante. Outro é o fato de que Lula, nascido em 1945, é da geração 68, ainda que marginalmente. Ele vivenciou a política pela primeira vez na época em que seu irmão, o Tito, se não me engano, participou do sindicato e pediu a Lula que o substituísse numa determinada ocasião.
Tito era ligado ao partidão e no sindicato se digladiavam várias facções, AP, Polop e outras.
Lula gostou do sindicato, mas permaneceu reacionário em 1968. Ele achava que o golpe de 64 foi uma coisa boa, como disse numa entrevista para o Ronaldo Costa Couto.
Lula só se opôs ao regime militar no fim da década de 70. Seria pertinente analisar o discurso de Lula no período para entendê-lo melhor. Ele foi se aproximando do cristianismo social da Teologia da Libertação. Porém, em 1968 Lula não se deixou comover pelo maoísmo cristão da Ação Popular. Reclamou também dos estudantes que o PC colocava nas fábricas, e que se achavam muito inteligentes. Lula lembra, em entrevista a Caros Amigos, da suposta operária que foi identificada como estudante comunista infiltrada por chegar ao bar e pedir pinga com limão. A revelação etílico-classista-sexual.
No fim dos anos 70, Lula falava contra a burguesia nacional. Eu vi um trecho de uma fala dele numa revista da época, se não me engano a Visão ou a Veja. Quem terá assoprado esse termo nos ouvidos dele, terá sido o Francisco Weffort? Porque, na época da fundação do PT, Lula se reunia com freqüência com Weffort e FHC nos Jardins. Lula já estava leve e serelepe nos babilônicos Jardins das Piranhas, dialogando com os neoliberais.