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Artigos-->De Baladas e canções: considerações sobre o amor moderno -- 13/07/2007 - 22:45 (Luciana Marino do Nascimento) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Conforme nos ensinou o escritor Jorge Luis Borges, todos os poemas e romances escritos ao longo dos tempos não fizeram outra coisa a não ser repetir em versos infinitos os mesmos temas. Paixão e desejo são temas recorrentes ao longo da cultura e da literatura ocidentais e percorrem a MPB e o pop rock da nossa contemporaneidade. O título deste artigo remete para a letra da música “ Balada do amor inabalável”, de Samuel Rosa, do Grupo mineiro Skank.

Estão em cena, na música do grupo mineiro, a paixão, o desejo, a presença do outro e o amor no cotidiano. Ressalte-se que tais elementos apresentam-se de forma difusa, nos mostrando o pulsar da vida na nossa contemporaneidade, época em que tudo está fadado a passar como um lampejo, pelo rápido envelhecimento e exaustão, conforme podemos observar nos versos de “ Balada do amor inabalável”:

Leve essa canção de amor dançante pra você lembrar de mim,

Seu coração lembrar de mim,

Na confusão do dia a dia,

No sufoco de uma dúvida,

Na dor de qualquer coisa.

(...)

Mesmo que a gente se separe por uns tempos,

Ou quando você quiser lembrar de mim,

Toque a balada do amor inabalável,

Swing de amor nesse planeta.

(...)

Planejando pra fazer acontecer,

Ou simplesmente refinando essa amizade,

Eu vou dizendo na seqüência bem clichê:

“Eu preciso de você”.





Como se pode observar, a fragmentação e a indefinição de sentimentos e idéias nos são mostradas em “ Balada do amor inabalável” como paradigmas do comportamento do homem contemporâneo, sempre pautado pela rápido movimento.Tal comportamento é bem expresso, quer seja pelos seus conceitos acerca da vida e dos relacionamentos como também pelo modo de organizar o discurso escrito. Em tal escrita predominam as elipses, a ocultação de objetos, usos de sintagmas verbais no gerúndio, o que fornece bem a medida de uma pseudo-continuidade, como também evita o comprometimento do sujeito em um relacionamento mais profundo. Observe-se quem planeja e o quê se planeja:

Planejando pra fazer acontecer,

Ou simplesmente refinando essa amizade

Segundo Sírio Possenti, a elipse denota uma indeterminação sintática a ser resolvida por regras semânticas e discursivas, levando o receptor da mensagem a lançar um olhar sobre os enunciados que antecedem aquele em que ocorre a elipse.

Ainda como marca do traço contemporâneo, na música em tela, apontamos, ainda, o clichê. O clichê constitui uma metáfora desgastada; um chavão, que funciona como agente de expressividade em virtude de sua própria banalidade cumprindo um papel ativo na expressividade do cotidiano revelado, em “ Balada do amor inabalável”:

Eu vou dizendo na seqüência bem clichê:

“Eu preciso de você”.

A música de Samuel Rosa, ao tematizar o discurso acerca do relacionamneto amoroso de um sujeito na faixa etária dos 25-45 anos, nos mostra uma certa leveza, que é dada pelo modo como as proposições são feitas para uma possível interlocutora e pelo uso de palavras inglesas, o que denota que esse sujeito pouco quer se comprometer e a cada dia busca uma novidade, sendo que o romance já possui data de início e de fim:

Mesmo que a gente se separe por uns tempos

Ou quando você quiser lembrar,

Toque a balada

Seja antes ou depois,

Eterna love song de nós dois.



O lirismo amoroso presente na cena musical do Skank nos mostra que os sujeitos se embaralham numa espécie de lugar vazio, de forma paradoxal: vazio porque é um espaço da possibilidade do vir-a-ser. Por outro lado, esse vazio é também fonte de angústia existencial e social, que vem a ser (mal) preenchida pelo clichê e pela eterna busca de algo que o sujeito possivelmente já encontrou, mas ainda não tem consciência do fato.



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