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Artigos-->POEMAS DIVERSOS -- 26/05/2000 - 22:04 (MARCO AURÉLIO BICALHO DE ABREU CHAGAS)
NOSSA CASINHA Nasceu de um subsolo. Erguida com carinho, nela estamos felizes, é ela o nosso ninho. Tem ela uma salinha, o seu quarto é de amor, possui uma cozinha. Toda ela é calor. *** A ÁRVORE. Em certo dia se deu um encontrro engraçado, da árvore lá do asfalto, com a árvore do cerrado. Aquela tão assustada, disse pra esta, surpresa, - você tem o tronco claro e o meu tronco é todo preto! A árvore lá do cerrado, com sutil delicadeza, - você mudou pra cidade, e perdeu sua pureza. *** A CHUVA A chuva cai, cai a chuva, vai molhando, molhando o chão molhado. Na cidade, lava, limpa, suja, destrói; no campo fertiliza a terra. Na cidade impede o tráfego, dificultando tudo. No campo é sinal de fartura. Cai, no solo, cai a chuva. *** ELIZABETH Envolvendo um doce aroma, Leve, suave e feliz; Isento de olor estranho, Zainfe, manto de amor, Afagando um sentimento, Belo aos olhos de quem ama, Elevado ao que é vulgar, Tecido com todo afeto, Havido só de ternura. *** A NATUREZA O contato com a natureza nos emociona frente à maravilha e simplicidade do que ela nos apresenta. O equilíbrio se manifesta das mais diversas formas, permitindo, assim, a existência harmoniosa da Criação, dos vegetais e do pró- prio homem, como elemento ativo e componen- te da mesma. O instinto animal externado no relacionamento entre o animal e seu filhote, aos olhos humanos é enternecedor, pois dá mostras do calor materno impregnado na mesma Criação, que é fonte de afeto. Nasceu o dia na roça, o gado muge feliz, o sol reflete na choça. O galo canta bem alto, galinha cisca o terreiro. É conduzido ao curral O belo gado leiteiro. *** AMAR palavra composta de quatro letras, harmoniosamente combinadas: Admiração, afeto conjugados com a Modéstia, a mesura e a moderação, vinculadas ao Acatamento e aconchego, que fazem Rir e chorar unidos até o final dos tempos. *** UNIVERSAL HARMONIA Se o sol brilha no espaço, se a água corre pro mar, existe algo grandioso ninguém pode olvidar. *** REFLEXÃO "Meio de vida que consome a própria vida." Consome, some denigre. A sociedade o agride. Para, caminha e finge viver a vida já finda. Modus vivendi, e sente ser consimida a vida. *** A DERROTA Não perdoo os insensatos, detesto os desprevenidos, amaldiçoo os ingratos, temo todos os destemidos. *** AMOR Dentre as belezas que vi, na Obra do Criador, foi a que em seus olhos li, que me dizia de AMOR. *** O UNIVERSO Na vermelhidão do poente estampa-se a grandeza universal. Nesta incomensurável beleza os problemas que nos assolam deixam de abarcar nossa vida e caem no vazio. Perdem o tamanho que aparentam Ter e se esvaem na pequenez. *** SILHUETA Uma silhueta num quadro natural, rajada de azul e amarelo sepulcral. Espalha a candura do enterdecer, com sombras negras, caindo ao solo e refletindo nas elevações. O negro invade as cores e projeta na tela visual contornos opacos, criando novas formas e surge a silhueta de um coqueiro bailando ao vento. *** PARALELO VIDA DA CIDADE VIDA DO CAMPO Monstros erguidos Montes com ondulados em concreto; suaves; asfalto causticante; verde agreste; céu cinzento e céu azulado e poluído transparente onde a vida onde a vida é é ARTIFICIAL. NATURAL. *** HARMONIA. Partitura solta ao ar. Violino repousando na mesa, projetando nela as sombras de seu talhe, graças à luz suave de um abajur. Uma arco apoiado em mil folhas musicais. Um pisapapéis. Tudo, harmonicamente, compondo um quadro de fundo preto. *** OS QUATRO CAVALEIROS DO APOCALÍPSE NO MUNDO ATUAL "O planeta continua a navegar num mar de hipótese." Quatro cavaleiros andam, vagando por entre os vales e montanhas deste mundo. Ora gritam, gemem, cantam... Cantam, contando as histórias de um futuro sem certeza, anunciando as mazelas de um caminho sem firmeza. São voadores incansáveis, andarilhos sem temor, semeando onde passam mil vinganças, desamor. Em suas roupas vê-se a cor, de um passado obscuro. em suas faces vive a dor, de uma vida sem futuro. Empunham suas armas brancas, como triunfais troféus apontadas para os homens, camufladas em seus véus. Precursores de conflitos, arrastam consigo a guerra. Alimentam-se de gritos, com temores e querelas. Seus nomes definem bem os perfis desses sinistros personagens em quarteto, imunes e detratores. INFLAÇÃO é o primeiro, segue o DEFICIT em ação. É o TERRORISMO o terceiro, finda o PETRÓLEO em jorrão. *** RIO Rio, riacho, ribeirão, rompendo por entre as várseas, dando exemplo de juventude. Renovando constantemente suas águas num dinamismo heróico. É a natureza dando exemplo ao homem de sua infinita e eterna sabedoria. *** O MUNDO ATÔMICO Vida eclodindo da fonte, vibrando como uma partícula Da eterna essência universal, eclodindo em infinitas manifestações de energia, dando provas da eternidade da existência. Eclosão de movimento dentro da própria dinâmica que caracteriza a vida universal. Síntese das sínteses. Negação da morte; índice de transformação e afirmação do eterno. O MUNDO ATÔMICO, INFINITO MUNDO DOS MUNDOS. PENSAMENTO-NOTÍCIA. Corre ligeiro o pensamento, dando aqui e ali notícias fantásticas... mas reais. Ora da guerra no Oriente, ora do conflito dentro da gente, ora do nascimento de uma semente, que cai ao solo e germina, e sente, e geme, anunciando vida. Corre ligeiro o pensamento, dando aqui e ali notícias fantásticas... mas reais. Ora falando de paz, ora exortando a guerra, ora convencendo às gentes de que a terra está cheia. E o sangue corre na veia de um recém-nascido. Corre ligeiro o pensamento, dando aqui e ali notícias fantásticas... mas reais. Ora cantando amor, ora orando a Deus, ora chorando a dor, ora adorando a flor. E uma bomba explode na Arábia... Corre ligeiro o pensamento, dando aqui e ali notícias fantásticas... mas reais. Ora convivando a todos, para um concílio de fé. Ora anunciando a vinda de um embaixador seja lá quem for. Ora, como manchete: o PETRÓLEO ACABOU. E a morte no Oriente reiniciou. Corre ligeiro o pensamento, dando aqui e ali notícias fantásticas... mas reais. Ora gritando: TRÉGUA! ora erguendo ídolos, ora soterrando outros, ora em gritos roucos, lamentando o futuro. E a notícia de um eclipse que escurece o mundo. *** A VOZ HUMANA... Em meio à hecatombe da guerra uma voz ecoa pelos céus enfumaçados: - CHEGA DE BARBÁRIE! Era a voz humana cansada de tanta selvageria. Era a voz humana iluminada pela Razão Superior. Era a voz humana gritando através do espírito. Era a voz humana esbravejando inspirada na sensibilidade. Era a voz humana exaltada pelo sentimento de humanidade. Era a voz humana tomando contato consigo mesma. Era a voz humana exigindo humanismo da espécime que leva o seu nome. Era a voz humana sendo ouvida novamente depois de ter sido, durante tanto tempo, eclipsada pelas vozes roucas e surdas das metralhadoras, bombas e canhões. *** UMA QUESTÃO DE OPÇÃO. A máquina absorvendo o homem. O homem dominando a máquina. A poluição o sufocando. O consumo por uma sociedade consumível e consumida. O homem se distanciando de si mesmo e se confundindo com a sua criação numa luta infernal. Fui criado para isto? Para isso existo? A matéria é para ele um monstro devorador. E o mental, O que não é matéria? O que ainda não se materializou? Posso continuar a ser um animal Ou caminhar para ser um homem. É uma questão de opção. *** A BUSCA DE UM PORQUE. Imóvel. Inamovível. Estático estava ele aos pés da Criação. Nada entendia. Por que? Eram ele e a Criação. Ele como parte dela, Mas não a entendia. POR QUÊ? Queria entendê-la. Queria transcender ao comum. Queria, enfim, algo mais. Queria mover-se. Queria deixar de ser o que era, para ser aquilo que queria ser. Queria ser livre. COMO? *** UMA CANÇÃO. Uma canção que fale de amor numa canção que fale de paz uma canção que não fale de dor é uma canção e muito mais. Ao levantar pelas manhãs sinto a alegria de viver toda a ventura que vibra em mim traz a grandeza de um renascer. A vida é linda. A natureza. É lindo o sol. É lindo o luar. É linda a chuva. É lindo o mar. Por que a tristeza? Por que essa dor? É linda a vida, É linda a flor. Por isso eu quero viver a vida e não gastá-la em vão. Por isso eu quero viver contente viver com a mente e o coração. *** REFLEXÕES A vida não é só tristeza. A vida não é só saudade. É formada de partículas, pouquitos de felicidade. O mundo não é um caos. Não é feito de ódios. O mundo também possui muito amor e afeto que se demonstram em singelo gesto: um cumprimento... um até logo... um bom dia... O mundo não é só guerras. O que são as guerras? São as irreflexões humanas. São decisões sem razão. São um cantar sem canção. Os pensamentos, Muitos maus no mundo há, que o ser humano delicia-se em criar. A vida é repleta de coisas belas que o homem não sabe aproveitar ele só quer ver as coisas que o fazem chorar. Chorar de tristeza, de amargura e vazio tal como um condenado no exílio... Existe DEUS? Muito jovem se inquieta, muito homem se interroga. Basta olhar para si mesmo para a natureza, enfim, e verá que é concebível a existência de DEUS. Se isso não convém pode o homem só pelas palavras convencer a um cétido, que é o mais crente dos crentes, da existência de uma Mente Universal? Ó crenças, ó sois vós as que fizestes ao homem tornar-se um não sei quê, impedindo-o de pensar, de refletir de usar suas faculdades. Só lhe ordenastes : - CREIA! *** SAUDADE! Saudade! Saudade da vida, saudade do amor que se foi. Saudade da vida que passou. Saudade da saudade. Saudade dos momentos felizes que só regressam em nossa recordação, tendo como fundo uma melodiosa canção. Mescla de tristeza e alegria. Saudade, vontade de viver novamente o vivido. Vontade de retroceder no tempo e reviver todo o passado no presente. Saudade é algo que a gente sente lá dentro do peito e que muita vez se extravaza num poema de nostalgia. *** ESPERANÇA. Havendo vida, há amor, havendo amor, há paz, havendo paz, há harmonia, havendo harmonia, há felicidade, havendo felicidade, há alegria, alegria de viver, de amar e sorrir. Alegria de cantar, de realizar, de fazer algo pela vida. *** É TEMPO. É tempo de mostrar ao mundo uma nova forma de viver. Viver de amor, amor consciente, vinculados coração e mente. Viver de felicidade. Viver de alegria. Valorizar a saudade. Esquecer a tristeza e não sofrer de nostalgia. Viver uma nova era. Viver uma nova vida. Deixar aquela sofrida e compreender a essência de uma linda e superior existência. Pense no importante que é ser consciente da vida e vivê-la com amplidão senti-la, vivê-la e amá-la com gratidão. Gratidão ao amanhecer, ao luar, ao anoitecer, ao mar. Gratidão a quem tudo isso nos deu. Como é bom saber viver, viver para a vida para uma caminhada sem se preocupar com o fim. Não estar ansiosos pela chegada, nem sofrer pela partida. Como é bom viver a vida! *** VOAR ... VOAR... VOAR... Sem prender-me a qualquer coisa e voando como um falcão vou aos montes, desço à relva e me encontro em solidão. Quisera saber por quê há o Universo infinito a desafiar-me assim: vou aos montes, desço à relva e não me encontrei em mim. UM SER OCULTO. Neblina... Ofuscação... Tudo em fumaça, formas não definidas, sombras, sombras infindas, um vulto opaco. Não se lhe via a face nem sequer a forma. Era apenas um vulto. O sol, a luz diáfana, não penetrava nessa alcova sombria e profana onde imperava a escuridão E um vulto indefinido... Mas eis que se abre uma fresta e um raio de luz penetra, uma luz radiante. Uma luz enérgica e estimulante que iluminou do vulto o semblante. Vislumbrei-me com sua face que com um estimulante passe abri mais aquela fresta que dera passagem à luz e pude ver bem mais claro, na escuridão delineado, o meu ser interno. *** ROSA Bela, meiga e formosa é você amiga rosa. Suas pétalas, seu perfume encantador que exala pela natureza em flor rosa, você é a expressão mais sublime do amor. Ó rosa, símbolo do afeto que simboliza o mais sublime gesto do pensamento humano não permita que lhe utilizem para um fim profano. Rosa, você que é portadora de um pensamento terno de uma recordação feliz de um sofrimento angustiante em cada gota de orvalho que brota de suas pétalas o raio de sol radiante imprime em cada gota as cores da aquarela. *** MINHA AVÓ Cabelos brancos, Alvos como a neve, Olhos fixos no horizonte. Ó, quanta vivência, Quanta experiência Ocultas nessa tez Carregada pela idade! Nos olhos vê-se a saudade refletida, Saudade dos tempos idos, Tempos que só voltam na recordação. Tempos de felicidade, Tempos de alegria, Tempos de luta. Antes, ouvia chamá-la Mamãe, Hoje, chamam-na, também, Vovó. São seus netinhos, Filhos de seus filhos. Ó, quanta felicidade Ouvir a voz das novas gerações. São novas e molodiosas canções. São novas vidas, Vidas possíveis Graças a sua vida Sua vida, ó vovó, Que hoje se contenta Em recordar os bons tempos E a contemplar Os frutos de sua existência. Vovó, você também é mãe. E em você existe esse amor sublime, Agora, não só aos filhos, Mas extensivo aos netos. Vovó, sua velhice É um estímulo a nossa juventude, Porque nela sentimos O resultado de uma vida Fecunda e útil. Vovó, seus passos lentos Refletem os anos já vividos, Os anos de infância, Os anos de juventude E agora, tão dignos Como nunca, Vive os anos Maravilhosos Da velhice. Vovó, você é um exemplo de vida. *** NATUREZA O sol, O infinito, O mar, A terra, O luar. Num galho Bem ao longe Um pássaro A cantar. Nasce o sol. As borboletas Cores belas, Azuis, Vermelhas E amarelas Voam De flor em flor Como pedacinhos De papel Soltos ao léu. Meio dia, O sol abrasador. As cigarras em sinfonia, Concerto de amor. O infinito, Diáfano. Pássaros multicores Com trinados metálicos Compõem a sinfonia Da mata primaveril. Tarde. Fim do dia. O sol não mais abrasa, A brisa vem, Aragem da noite. O sol se põe, O infinito se matiza De cores bem vivas. A noite vem. O pirilampo, Estrelinha da mata, Ilumina toda a floresta. Os pássaros dormem. A coruja, De olhos faroleiros Sai de sua alcova, É a rainha da noite. Tudo o mais dorme Um sono profundo Um sono primaveril. *** O AMOR DE MÃE É puro, sublime, augusto, Justo, nobre, transcendente E digno da espécie humana. Possui uma força que ascende Aos mais mesquinhos dos atos Praticados por um filho. Os próprios filhos, às vezes, Não compreendem o porquê Dos desvelos de suas mães, Julgando-os com ingratidão. Neste amor está expressa U a partícula de Deus Ampla, rica, generosa E bela como uma rosa. É um amor superior Pertencente aos sentimentos Que dão hierarquia ao homem, Perpetuando a humanidade. *** O ANOITECER O sol põe-se no horizonte, A noite já vem descendo, A lua surge no monte E uma estrela vai nascendo. Qual rainha que chegasse Clareando a imensidão, A lua com sua face Domina toda a amplidão. O céu dentro em pouco tempo, Está claro e rebrilhante, Creio até que o firmamento É um imenso diamante. *** TROVAS O Princípio e o Fim (com relação à matéria) Tudo é efêmero no mundo, infelizmente é assim: A vida traz no seu fundo Desde o início, o próprio fim. *** Cores verdes e amarelas, Cheias de grande fulgor Estas cores representam, A paz, a vida e o amor. *** Natureza, ó natureza, tantas cousas tens de belo. Pareces uma princesa Invencível na beleza. *** Mundo cruel, mundo incerto, Esta terra onde nascemos! Poucos encaram de perto Esta esfera em que vivemos. *** Ó chuva que leva e traz Em cada gota uma dor, Leve a lembraça fugaz De meu infeliz amor. *** Hoje minhas lembranças Estão a borbulhar Os dias de infância Que estou a meditar. Lembro-me claramente Como se fosse agora Daqueles dias lindos Os quais vivi outrora. *** Quando a amizade é sincera Procuremos cultivá-la Mas quando não é sincera Tratemos de dispersá-la. *** Simples, singela e formosa Da natureza és princesa; Do jardim a mais mimosa És tu, rosa, com certeza. *** Como é bela a juventude, Botão a desabrochar No canteiro da virtude, No jardim do bem-amar. ***