Em Julho ido, um escritor português, nobilitado literário casado com uma espanhola, sob o prestígio que lhe adveio da benção sueca, preconizou, com aquele peculiar timbre que lhe ficou das juvenis ressonâncias porcinas, que Portugal deveria «ajangadar-se», desta feita além da pedra também em carne e espírito, com a Espanha.
Com os traquinas «gatos fedorentos» em férias, alguém pois, da mesma igualha fedorizante, deveria surgir para continuar na persistente fedorização do país. Então não é tão agradável estar-se sob permanente estado piadético?
Cavaco Silva, no decurso da sua visita ao Parlamento Europeu, instado ao redor de semelhante «ensaio sobre a vista», apenas lembrou que «basta conhecer a história de Portugal para dizer que essa hipótese é um total absurdo».
Insignificante pecinha que sou nas espectaculares lides que me são dadas a contemplar neste tempo em que anda por aí uma cantiga que proclama com esfusiante alegria a vida dos jovens de pernas para o ar - talvez, dado o fedor, para melhor arejarem as sapatilhas - quedo-me aparvalhado com a sapiência de um português, quiçá por ter dúvidas sobre a data exacta e local de seu nascimento, que aconselha a diluíção da pátria em que tem registo e sob o qual foi designado nobel da literatura.
Bom, pergunto: tal como da purga feita a eito no Diário de Notícias há 30 anos, não será desde já uma boa medida purgarmo-nos do único prémio-nobel que temos na nossa língua? Apre, faz-nos mais falta o país do que o paleio.