Celso Lungaretti ingressou na militância do movimento estudantil de esquerda em 1968, logo sendo recrutado para a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Era, pois, comunista convicto, que propugnava implantar no Brasil a ditadura do proletariado, embora, como outros terroristas, declare que lutava contra a ”ditadura militar”.
Lungaretti, logo após ser preso pelos órgãos de segurança, revelou, com a pronta verve dos covardes, tudo o que sabia acerca de sua organização criminosa. Delatou seus companheiros de crime, revelando a localização de um sítio onde a guerrilha de Carlos Lamarca preparava uma aventura rural no Vale do Ribeira. Ele, sem cerimônia, assumiu que comprara, em seu nome, uma gleba de terra na região e levou as autoridades a debelar o foco guerrilheiro em local vizinho. Logo depois, Lungaretti prestou-se a aparecer na televisão, em rede nacional, declarando-se arrependido e concitando os jovens a não aderirem à luta armada. Toda a malta comunista arrepiou-se e o país acreditou na sinceridade dessa mudança de atitude de um “revolucionário”. Por que ele não se imolou pela causa, como fez Lamarca e outros bandidos? Afinal, a televisão teria sido o maior palco para um ato de bravura de um homem que agora se diz herói.
Celso Lungaretti, a partir daí, passou a ser o alvo preferencial da sanha por justiçamento dos terroristas. Somente sobreviveu por obra da vigilância dos militares e policiais que hoje ele considera os seus algozes.
Trinta e quatro anos se passaram - ano de 2005 - e Lungaretti voltou à cena e lançou um livro em que, novamente, explicita a dubiez do seu caráter. A verdade não é a tônica dos seus relatos. Pretendeu ele - e não sei se conseguiu - redimir-se perante os seus companheiros de luta armada, novamente delatando, desta vez aqueles que garantiram a sua integridade física. Tudo, na verdade, para poder candidatar-se a uma indenização junto à Comissão da Anistia. Incomodava-lhe assistir aos vultosos ganhos de ex-terroristas, recebidos das generosas benesses da indústria dos direitos humanos.
É patético verificar - é só ver na Internet - que Celso Lungaretti mostrou sua total falta de compostura, ao ver, inicialmente, suas pretensões indenizatórias fugirem pelo ralo dos recalques das esquerdas que não se esquecem das suas delações.
É deprimente o seu depoimento a um órgão da imprensa:
“Quando veio à tona a intenção do governo federal de fixar um teto para as reparações, procurei a imprensa para relatar o meu caso. Já que se evidencia tanto o fato de algumas pessoas terem sofrido pouco e recebido muito, seria justo mostrar também que há quem tenha sofrido muito e recebido pouco... Finalmente, quero lembrar que as anistias milionárias criaram um paradigma e a igualdade de todos perante a lei se o governo fixar um teto apenas para as reparações vindouras. Haverá enxurradas de ações na Justiça, com forte probabilidade de êxito. Ou se revê todo o processo, ou se concede a todos os casos semelhantes o mesmo tratamento dado ao Cony”.
Aí se vê nova delação. Lungaretti acusa um seu companheiro de imprensa e de causa, Carlos Heitor Cony, de ter recebido além do que merecia, o que, convenhamos, foi a sua maior verdade. Os escorpiões se matam pelos seus rabos venenosos...
Mais patético ainda é um requerimento de Lungaretti ao Ministro da Justiça, em que ele diz: “Por estar desempregado, desde dezembro de 2003, com dependentes desatendidos e pensão judicial em atraso, não recebendo sequer resposta aos e-mails que enviara à Comissão de Anistia, recorri em junho de 2004 ao Ministério Público Federal, à Comissão Nacional dos Direitos Humanos da OAB e à Ouvidoria Geral da República, que acolheram minhas denúncias e abriram procedimentos para apurá-las”. Como vêem, mais delação. Não sei se o postulante recebeu indenização, e, na verdade, nem quero saber, pois que isso só aumentariam os meus engulhos ante tanta indignidade.
Celso Lungaretti, talvez agora com os bolsos cheios, referindo-se à nota do Alto Comando do Exército emitida em reação ao recente lançamento de um livro revanchista e às bravatas de um ministro destemperado, escreveu o seguinte:
“Para que haja uma verdadeira reconciliação nacional, não à imposição da paz dos vencedores sobre os vencidos, é imperativo que as Forças Armadas brasileiras reconheçam que o período 1964/1985 não passou de uma anomalia, assim como o nazismo na Alemanha e o fascismo na Itália. Suas congêneres desses países renegam o período em que, submetidas ao comando de forças totalitárias, atentaram contra os direitos dos povos e dos cidadãos”. Desonestamente, não incluiu as sanguinárias ditaduras comunistas.
Teve, ainda, a audácia de fazer referência a um grande combatente da luta armada vencida por nós, brasileiros de bem, cacarejando o que disse um certo ministrinho da justiça, um tal de José Carlos Dias, sobre o militar em pauta: “emporcalhou com sangue de suas vítimas a farda que deveria honrar”. Nem Lungaretti, nem o ministrinho tem noção do que é vestir farda e lutar pelo Brasil.
Estamos às vésperas do desfile de Sete de Setembro. Aconselho a Celso Lungaretti a não estar no palanque das “autoridades”, pois que ele, ao ouvir o grito da tropa de “Brasil, acima de tudo”, vai emporcalhar as calças e, imediatamente, passará a delatar o ministrinho de estar tirando meleca do nariz, para disfarçar o cheiro da sua impudência.