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Artigos-->A FARRA DOS IMPOSTOS E OS DANÇARINOS -- 11/09/2007 - 12:14 (Jeovah de Moura Nunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
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Leia: A farra dos impostos e os dançarinos, de Jeovah de Moura Nunes



Comércio do Jahu 11/09/2007





Por Jeovah de Moura Nunes



Em cinco meses, ou quase seis meses por ano é o tempo em que pagamos impostos embutidos, ou “escondidos” em cada mercadoria adquirida a duras penas. E pior de tudo: pagamos impostos para nada, porque não vemos melhorias sociais e materiais ao nosso redor. Além dessa gigantesca espoliação do cidadão brasileiro ainda somos obrigados a declarar e pagar - quando se ganha um pouquinho melhor - o imposto de renda pessoa física e quando temos um ganha- pão o imposto pessoa jurídica. Ou seja: se somos micro ou médio empresário o governo torna-se nosso sócio quase que majoritário.

Apesar de ter passado 118 anos da Proclamação da República, os políticos ainda não encontraram o caminho das pedras. São iguais aos primeiros políticos da nova república sul-americana: querem sempre renovar o País às custas do sacrifício, atualmente de quase duas centenas de milhões de pessoas. Os problemas são os mesmos de 1889. Tomam de assalto os cofres públicos com a diferença de que os “empresários” da época eram os fazendeiros cafeicultores, os quais financiavam publicamente os deputados para que redigissem leis que favorecessem os produtores de café. A dor de cabeça deles naquela época foi o surgimento de “Belo Monte”, mais conhecida como “Canudos”, a primeira sociedade socialista do mundo inteiro. Daí o ódio desenfreado dos “republicanos” corruptos aos canudenses e a degola sumária de quase dez mil pessoas, entre elas velhos, mulheres e crianças. Ainda hoje turistas bem situados vão a Canudos rever o lugar onde sobrepujou a coragem do sertanejo e levam para casa um crânio como lembrança.

Os gaúchos fizeram uma passeata no dia 25 de maio último, protestando contra os 146 dias em que dedicamos todo nosso trabalho e esforço profissional para pagarmos impostos “escondidos” nos valores das mercadorias consumidas ao longo do ano. Assim sendo, não se concebe um governo lutar contra a informalidade, quando ele mesmo estimula o trabalho informal. Qualquer indivíduo em sã consciência identifica a informalidade como uma fuga para não se pagar uma carga de impostos mui digna do antigo Império Romano. É pura ficção a luta contra a informalidade e, diga-se ficção hipócrita, uma vez que não se mexe uma vírgula para estimular a formalização de um negócio qualquer, concedendo descontos e vantagens nas obrigações para com o governo além de não facilitar a abertura de uma empresa tal o embaraço, a enorme voragem burocrática e um sem fim de papelada e obrigações custosas e demoradas, quando a rapidez nos negócios, na maioria dos casos, é o melhor expediente profissional e uma das armas do candidato à formalização de seus negócios. Qualquer empresário sabe que um bom negócio exige rapidez para executar após uma decisão final bem avaliada. Em nosso País muitos negócios malogram em seu nascedouro diante da enorme burocracia e exigências inoportunas e o cidadão parte para a informalidade porque enxerga neste método uma enorme liberdade para negociar. Aí vem o fiscal e até a polícia em busca de notas fiscais, geralmente “dedado” por um rico comerciante enciumado com as vendas de um pobre camelô. Camelô esse que vive ao deus-dará e não numa situação privilegiada por meio de organização sindical.

Coisa estranha, uma vez que a organização sindical só existe quando a profissão é regulamentada. E, pelo que sabemos, camelô é uma situação de total informalidade.

A coragem de protestar contra essa “farra” de impostos do governo foi mais uma vez ditado pelos gaúchos. O resto da população brasileira continua em letargia, ou em outros casos se rebolando e achando engraçado tudo isso, principalmente quando estão diante das câmeras de televisão e infelizmente onde a fome mais grassa: o velho Nordeste. O brasileiro passa metade do ano dançando. Dança 40 dias no carnaval. Dança nos reisados, dança nas festas juninas, dança em boates, dança em bares, dança no Natal, dança no ano-novo, no aniversário. Dança, dança e dança e depois reclama da vida com cara de choro. Não sabe reclamar exercendo sua inerente cidadania. É orgulhoso apenas por saber dançar. Os políticos draconianos em Brasília, nas capitais estaduais e nos municípios adoram governar um povo que só sabe dançar, fazendo-os dançar ainda mais por meio de impostos abusivos e ditatoriais. A CPMF é um desses impostos abusivos.



Jeovah de Moura Nunes é jornalista e escritor.

jeovahmnunes@hotmail.com



(publicado no jornal "Comércio do Jahu" nº 27035 de 11 de setembro de 2007 - página 2 - Opinião)
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