Um dia desses caminhando na Beira-mar de Florinópolis, vi ao longe um pequeno barco. Dentro dele a sombra de duas pessoas, personagens distantes e desconhecidos de uma história que começou a se formar dentro da minha cabeça. Dois remos. Um mar imenso, imensamente calmo.
Experimentei sentimentos conflitantes de melancolia e paz. Alegria e espanto. Perplexidade, diante das grandes diferenças e pequenez, diante de tamanha imensidão.
Aquelas duas pequenas sombras, além do horizonte, onde céu e mar quase se confundiam, ou se fundiam, eram parte de um cenário maravilhoso de final de tarde. Testemunhas silenciosas de muitos olhares, pareciam imunes a qualquer coisa que não fosse o mar, os remos e os peixes.
Personagens inatingíveis, quebrando o azul de mar e céu. Colorindo um pequeno espaço e dando nova forma ao que poderia passar desapercebido. Ah! se eu soubesse pintar. Que belo quadro seria imortalizado. Eu o vi na parede da minha casa, na minha sala, sobre o aparador.
Se fechar os olhos agora, a cena volta completa e forma o quadro que eu não sei pintar, mas que através de palavras consigo delinear. E se não sei trabalhar com cores e formas, estou aprendendo a lidar com as palavras. Diferentes emoções para públicos distintos. Grandes emoções, além do horizonte. Quem sabe vamos?