Ontem através dos resultados de exames elaborados pelo Ministério de Educação (já esperados) e publicados pela TV GLOBO no programa FANTÁSTICO, nós pudemos constatar o péssimo desempenho dos estudantes do segundo grau das escolas públicas de nosso país.
O que foi apresentado foi uma “catástrofe educacional”, fato que entristece os brasileiros que viveram outra realidade.
Quando lembramos que nos anos cinqüenta e sessenta, entrar para as escolas públicas de primeiro e segundo graus (Municipais e Estaduais) era uma verdadeira prova de competência e conhecimento, constatamos que hoje se transformou em um verdadeiro castigo para os alunos que não têm alternativa para superar os desafios do aprendizado.
Fico triste! E como eu, alguns daqueles que puderam se beneficiar com a excelência do ensino publico daquela época. Que saudades do Colégio Pedro II do Rio de Janeiro, do Colégio Estadual W. Luiz de Petrópolis, do Instituto de Educação de Juiz de Fora e tantos outros que Brasil afora se orgulhavam da competência de seus professores e de seus alunos.
Os anos passaram e a excelência do ensino acabou. Raros são os colégios públicos que hoje conseguem transmitir os conhecimentos necessários na formação de seus alunos. Os professores “perderam o encanto”, pois os baixos salários, as condições precárias de instalações, e, principalmente a política nos estabelecimentos de ensino promoveram a desintegração da educação pública.
Como conseqüência, o que vemos são jovens despreparados que chegam ao término dos cursos de 2º grau sem condições mínimas para chegar as Universidades.
A falta de planejamento e gerenciamento do Ministério da Educação aliada ao baixo investimento na área, cria benefícios para poucos e malefícios para muitos. Enquanto o governo pensa em informatizar as escolas, o norte e nordeste, (principalmente), sofrem com o simples espaço físico para abrigar seus alunos. A céu-aberto, debaixo de árvores ou em verdadeiras choupanas, sem as mínimas condições de higiene, crianças sentam em caixotes ou em bancos improvisados com tabuas e restos de construções.
Os professores são abnegados cidadãos e cidadãs que recebem um mísero salário (quando recebem), ou voluntários que tentam ensinar o pouco que aprenderam.
Nas grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e outras capitais o quadro não é muito diferente. Os prédios não recebem as manutenções necessárias e não é raro ver teto caindo, curtos circuitos, banheiros impróprios para uso, salas escuras e até falta de carteiras e mesas para uso de alunos e professores. O quadro de funcionários é desmotivado e mal treinado (em sua maioria), não atendendo as necessidades de suas funções.
É necessário “começar de novo”! Recomeçar seria pouco. Precisamos esquecer os conceitos hoje usados e planejar, executar e controlar um novo método de gerenciamento de nossa educação.
Não podemos pensar em informatizar antes de construir ou reformar os prédios de nossa rede de escolas públicas. Não podemos exigir um bom desempenho de nossos professores sem oferecer condições de trabalho e salário digno, não podemos deixar no quadro de funcionários públicos aqueles que não cumprem com as suas obrigações (desde que se ofereça o que eles necessitem para o seu bom desempenho). Mas para isso precisamos investir, dar bons exemplos e antes de todo o treinamento específico, motivá-los para a mudança de comportamento patriótico.
Esqueçamos os computadores (nesse momento). Vamos voltar a distribuir cartilhas e tabuadas, ensinar as quatro operações, regra de três e porcentagem. Vamos ensinar substantivos, adjetivos, verbos e advérbios, concordâncias, sujeitos e predicados. Vamos ensinar História do Brasil mostrando os fatos históricos e suas conseqüências políticas econômicas e sociais (deixando para depois a História Universal), vamos ensinar geografia do Brasil para que nossos alunos saibam onde estão localizadas as regiões e os Estados, (eles não sabem) suas capitais e suas peculiaridades (relevo, clima, influência política e social) que influenciam no crescimento do país.
É inconcebível que alunos universitários não saibam fazer uma redação ou interpretação de texto. Pior ainda é falar em Belém ou Fortaleza e eles não conseguirem localizar em um mapa onde ficam essas e outras capitais. Problemas matemáticos que aprendíamos no antigo primário, como cálculo de juros e operações de multiplicação e divisão com dois ou mais algarismos, hoje não são resolvidos por grande parte desses alunos.
Já sabíamos há décadas o que hoje estamos comprovando. Mas infelizmente os problemas políticos que interferiram no desmando da educação em nosso país foram os grandes causadores dessa triste constatação certificada. “Continuamos com o Brasil analfabeto”!
Antes de ser vergonhoso é triste, muito triste!
Mas ainda tenho esperanças. A minoria que conseguiu e continua ultrapassando os desafios desse caos educacional é virtuosa. São talentos que semearão as mudanças necessárias para alcançarmos os benefícios de nossos esforços.
É preciso fazer o “simples” esquecendo o “complicado”!
Precisamos unir nossas forças. A sociedade participativa, mais uma vez necessita liderar a cobrança ao Governo Federal, exigindo providências urgentes, imediatas e eficazes, pois se esperarmos o tempo passar, as minorias (virtuosas e bem-sucedidas) serão cada vez menores e se tornarão incapazes de modificar esta triste realidade educacional.
Um país só pode se considerar rico e soberano quando seus jovens estudam e “aprendem”. Não adianta ter uma política econômica eficaz com a população analfabeta, pois somente o conhecimento e educação poderão dar sustentabilidade ao crescimento e ao progresso.