A mulher de hoje, vê ao longe uma menina loura, quase alva, com cabelos cacheados, olhos verdes, pequenina e ligeira, e lembra de uma tarde na casa de sua mãe, quando uma tia ao fazer uma visita aproveita para fazer as unhas de sua mãe.
A imagem daquelas duas mulheres grandes está gravada na memória de garota como se fosse um quadro. Ela as vê sentadas, conversando, mexendo nas unhas e de vez em quando dando atenção para aquela criança curiosa e inquieta, que morria de vontade de ter suas unhas coloridas. Se havia mais alguém naquela sala é impossível recordar, mas ela lembra com perfeição o instante em que a tia acaba, olha para ela e pergunta se também quer pintar suas unhas.
Seus olhos brilham, a vontade não expressa foi percebida e ela aceita imediatamente. Hoje não lhe vem à mente a imagem das unhas coloridas suas lembranças são mais profundas. O fato de ter sido lembrada, parece mais importante que que a cor do esmalte aplicado. Obrigada tia Nivalda. Tenho certeza de que você não vai lembrar desse momento tão especial para mim, mas graças a sua gentileza, esta é uma linda lembrança que eu tenho daquela graciosa menininha, numa tarde de sábado de um mês qualquer, inúmeros anos atrás na casa de minha mãe.
