A gente se acostuma. A dominar, ou ser dominado. A servir ou ser servido.
A gente se acostuma, a dor, a tristeza, ao desconforto, a doença.
A acordar correndo e esquecer de olhar pela janela. A não ver o sol, não ouvir o canto dos pássaros. Não sorrir para as pessoas. Não sentir prazer em beber água.
A gente anestesia e dorme. E não vibra. Nem chora mais. Só corre e engole e anda rapidamente, e passa pela vida sem viver. E não lamenta, não reclama. E se lamenta, e se reclama, ninguém escuta.
A gente complica o simples, aumenta o fácil, vê problemas onde não existem. A gente não é feliz. E ser feliz até que é simples.
É olhar para o lado e sorrir. É abrir as janelas do coração e deixar o sol entrar. Arreganhar os compartimentos internos e abarrotá-los de coisas boas. É aprender a substituir, a valorizar o pequeno, a enchergar o que poucos vêem.
É viajar através dos livros, das histórias, dos contos, das viagens, até se acostumar. Até aprender a ser feliz. Do melhor jeito. Da maneira menos complicada. A olhar-se no espelho e sentir amor, e dar amor, e amar-se completamente. Sem meios termos. E achar-se lindo, até se acostumar a ser.