Não fosse eu filiado e constante visitante do Greenpeace, atento às notícias que de lá provêm, talvez não tivesse tomado conhecimento - porque tais coisas o Governo não divulga - de um criminoso projeto contra a Amazônia Legal, que está para ser discutido no Congresso.
Trata-se de obter do Governo permissão para que, através da alteração do atual Código Florestal Brasileiro, extensas áreas de florestas nativas, principalmente na Amazônia, mas não apenas lá, sejam substituídas por plantações de cana, dendê e eucalipto, reduzindo, concomitantemente, a área de reserva legal nas propriedades para 50%. Absurdo? Sim, mas é isso que os interessados querem.
Mas quem são esses “interessados”? Vamos conhecer os personagens dessa história macabra:
Os principais interessados são os DEPUTADOS DA BANCADA RURALISTA (**) e as CONFEDERAÇÕES NACIONAIS DA INDÚSTRIA E DA AGRICULTURA, que tentam (e estão conseguindo) obter o apoio - eu diria conivência - do Ministério do Meio Ambiente para a aprovação do nefando e irresponsável projeto.
Esses personagens, verdadeiros lobistas disfarçados, só defendem a exploração comercial das florestas e o lucro. São representantes dos agricultores, madeireiros, usineiros e industriais que querem, a todo custo, extrair da amazônia tudo que ela possa dar, sem se importar com os danos que possam causar ao meio ambiente, além dos que já causaram até aqui, alguns, irreversíveis.
Por que o Governo não faz, antes, um plebiscito, para saber o que o povo pensa? Porque sabem que a resposta da sociedade seria um rotundo “NÃO” e nenhum marketing governamental poderia alterar isso. Se existe algum interesse do Poder Público em consentir com tal crime, mesmo contra a opinião da sociedade que governa, é porque se está sobrepondo, criminosa e irresponsavelmente, os interesses pessoais aos coletivos.
E não se venha dizer que o Poder Público desconhece as conseqüências de tal atitude. Recentemente, mais precisamente em outubro, o Ministro Reinhold Stephanes, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, antes Deputado Federal, declarou que as licenças ambientais para o plantio de cana-de-açúcar na Amazônia só seriam permitidas em “áreas degradadas“. Mas, ao que parece, mentiu, ou não sabia o que estava falando, mudou de idéia ou, o que é mais provável, foi “convencido“, porque o projeto que está em discussão não se limita apenas às áreas degradadas. Muito pelo contrário: irá devastar mais ainda, qualquer área, desde que em consonância com os novos limites de reserva legal que querem aprovar.
Felizmente, também temos alguns poucos deputados simpatizantes da causa ecológica e instituições como o Greenpeace e organizações ambientalistas como o ISA, CTA e Rede Cerrado que, atentas ao problema e unidas, conseguiram interromper temporariamente (isto é o que ainda assusta), o encaminhamento para votação.
Você gostaria de ver usinas de álcool, alastrando-se como pragas, na amazônia e no pantanal? Pois é isso que “eles” estão querendo, forçando o Governo a concordar com a aprovação do projeto. Com certeza, irão engraxar a máquina governamental para atingir seus objetivos. Temos todos de estar atentos.
Veja no meu artigo “E Quando Explodir o Boom da Produção da Cana-de-Açúcar? O Brasil Estará Preparado?“, o que poderia acontecer se autorizado o plantio descontrolado e a industrialização em massa da cana-de-açúcar na região amazônica.
Graças à ação de ambientalistas e ativistas do Greenpeace, conseguiu-se interromper, no Congresso, a discussão do chamado projeto
"Floresta Zero (*)".
Ainda bem que, os ambientalistas, apesar de poucos, temos união e determinação. Não fosse isso…
(*) - Floresta Zero : Não é nome oficial, mas sim um “apelido” denunciativo que os ambientalistas deram para o projeto que se está tentando aprovar.
(**) - Bancada Ruralista : Grupo de deputados federais e senadores que defendem os interesses econômicos de agricultores e pecuaristas, no Congresso.
Para ver a íntegra da matéria, visite o site do Greenpeace!