A PROVA DO CRIME
LUIZ CARLOS STIVAL
Esse causo aconteceu no final dos anos setenta (1970), mais precisamente na movimentada praça central da cidade de Araras.
Era na
Praça Barão de Araras, que o pessoal costumava se reunir, principalmente nos finais de semana, e um dos pontos de maior movimento era perto do majestoso
Cine Araruna, que fazia o maior sucesso.
Na Praça Barão, se reuniam as pessoas do centro, de todos os bairros, da zona rural e até de cidades da região.
Nas noites de sábado, era comum encontrar na praça em busca de alguma paquera, rapazes e moças de todos os lugares.
Com o passar do tempo, certos grupos que freqüentavam a movimentada praça, acabaram ficando bem conhecidos e ganharam certos apelidos, como por exemplo “os pés vermelhos” e os “coquinhos”.
“Os pés vermelhos”, eram assim chamados, porque vinham da zona rural, e como vinham de bicicleta, de carroça e até mesmo a pé, podiam ser conhecidos pelo estado dos calçados que usavam, que geralmente tinham algum vestígio de terra vermelha comum aqui na região.
“Os coquinhos” eram assim chamados porque vinham da vizinha cidade de Leme e como na cidade de Leme tinha coqueiros plantados na praça central o pessoal de Araras os apelidou de “coquinhos”.
Fato curioso da época é que como em Araras já existia edifício com mais de dez andares e em Leme não existia ainda nenhum prédio tão alto, os ararenses gostavam de sacanear os lemenses dizendo que o prédio de Araras fazia sombra sobre toda a cidade de Leme, cidade essa muito próxima de Araras e que na época era bem menor em número de habitantes.
Foi na Praça Barão de Araras, perto do majestoso Cine Araruna, que nos anos setenta, um político da região resolveu fazer um discurso tentando conseguir eleitores, devido o grande número de freqüentadores e foi aí então que desenrolou um fato que foi muito comentado na época.
Acontece que em meio ao discurso, alguém atirou sobre esse político alguns ovos que estavam chocos.
Foi um reboliço geral, com o policiamento da praça depois de muito tumulto, prendendo três suspeitos do suposto atentado á integridade física do renomado político.
Esses suspeitos eram: um pé vermelho, um coquinho e um outro identificado como sendo de Piracicaba.
Levados até a delegacia, na época dura do regime militar, ficaram presos e eram constantemente interrogados pelo delegado, que insistia em dizer que os ovos partiram de onde os três estavam assistindo o discurso, só que os três negavam veementemente dizendo ser inocentes.
Até que depois de alguns dias de muito diz que me disse e burburinhos pela cidade, um dos investigadores chegou até o delegado e disse:
— Senhor delegado resolvi o problema.
O delegado então:
— Diga logo homem de Deus, assim posso soltar os inocentes e aplacar a ira de muita gente importante, que todo dia me liga cobrando a solução do caso.
O investigador com cara de esperto continuou:
— Acontece, seu delegado, que dos ovos jogados sobre o doutor deputado, um foi amortecido pela cabeleira do mesmo e caiu no chão sem quebrar.
O delegado então de olhos arregalados olhando para o investigador disse:
— A é..., e vai me dizer que no ovo está escrito o nome do culpado?
O investigador então fazendo cara de sabido:
— Acontece que eu peguei esse ovo e levei imediatamente para casa e como tenho umas galinhas no quintal, ajeitei para que uma delas o terminasse de chocar.
E abrindo uma caixa de sapato que tinha nas mãos, tirou dentro dela um pintinho e colocou sobre a mesa do delegado e para espanto do mesmo o pintinho começou a piar:
— Pir... pir... pir...
Ao ouvir isso o delegado apertou uma campainha na parede e um guarda apareceu na porta de seu gabinete dizendo:
— Chamô doto?
E ele:
— Chamei sim, pode soltar o “pé vermelho” e o “coquinho” que o culpado é o piracicabano.
E olhando para o investigador:
— Bom trabalho, com esse sotaque só natural de Piracicaba mesmo.
Fonte: EPTV Emissoras Pioneiras de Televisão – CAUSOS.
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“Fora da VERDADE não existe CARIDADE nem, muito menos, SALVAÇÃO!”LUIZ ROBERTO TURATTI.