Por que parou, parou por quê? Seria o caso de se fazer esse corinho, tão conhecido no Brasil, em relação ao tema desertificação, um assunto sério e da maior gravidade que, inexplicavelmente, parou de ser abordado pela mídia nos últimos seis anos.
Acreditamos que isso se deva à crescente preocupação com o “aquecimento global”, principalmente depois da intensificação da divulgação do filme Uma Verdade Inconveniente, concluído em meados de 2006 e que reúne uma dramatização das palestras feitas pelo ambientalista Al Gore, ex-vice-presidente dos Estados Unidos, no Governo Clynton e atual Prêmio Nobel da Paz, justamente pelo seu trabalho de alerta mundial sobre o “aquecimento global”. .
Ocorre que, antes de virar filme, essas palestras já vinham sendo feitas em mais de 1000 cidades, por vários anos, e a mídia começou a se interessar e dar-lhes projeção internacional. O mundo então, passou a se preocupar com o assunto, que absorveu de tal modo a atenção, ao ponto de parecer que se esqueceram dos outros problemas ambientais, como, por exemplo a desertificação. “Ah, mas a desertificação é apenas um problema regional, que pode ser resolvido pelos governos locais, e o aquecimento global é mais sério, porque atinge a toda a humanidade“, dizem alguns.
Ledo engano, a desertificação é um problema regional sim, mas também mundial, pois ocorre em vários pontos do planeta, como conseqüência do uso irregular do solo pelo homem. Lógico que, como brasileiros, estamos preocupados com o Brasil, mas isto também ocorre em Portugal (vejam o site Gaia e o que eles estão fazendo lá), na Austrália, na Índia, na África, nos Estados Unidos, no Chile, enfim, em todas as partes do mundo.
No Brasil, cerca de 1/3 de todo o território nordestino já foi atingido. E não é porque as condições do clima lá são adversas, pois nos pampas gaúchos, onde o clima é de boas condições, o fenômeno também ocorre. A insanidade do homem não escolhe país, época, local ou clima apropriado. Ela se dá onde ele entende que “é bom para os “seus propósitos”, não importa os danos que possam ser causados ao planeta e às demais pessoas que nele vivem.
As principais causas da desertificação são as queimadas, a extração irregular de madeira, atividades agrícolas, desvio de rios, mineração, ocupação desordenada do solo, o uso intensivo dos recursos naturais e sobrepastoreio (superpopulação de animais numa área muito restrita). Como causas naturais, apenas as faltas de chuvas, com secas de estiagens prolongadas (talvez aqui influa um pouco o aquecimento global, quando altera o clima).
Vê-se claramente que o homem contribui para isso muito mais do que a natureza pois esta, na maioria dos casos, auto-regula e compensa o que modifica. O homem, não - este destrói e abandona, indo praticar seu crime em outro lugar.
Andem pelo Brasil e vejam os rios secos, as caatingas, os solos rasos e pedregosos, as voçorocas, as erosões, a terra arenosa, morta, imprestável para homens e animais, para a vida e para a agricultura. Isto é a desertificação.
Agora pesquisem e vejam o que as nossas autoridades estão fazendo sobre o assunto, quais os órgãos que tratam disso aqui e a quantas andam. Vejam o que vão encontrar e comentem. Perguntem o que foi feito do “Plano Nacional de Combate à Desertificação“, de 1999, cuja criação nem iniciativa nossa foi, embora seja para tratar de problemas no nosso país.
Como será esta questão tratada no resto do mundo? Esqueceram que existe e é grave?
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