Em Rawalpindi, no Paquistão, após um comício em vista de eleições legislativas, um indivíduo, abordando o veículo em que Benazir Butho seguia, abateu a tiro a ex-governante e, por mais em ponto final, desfez-se em milhares de pedaços, explodindo e vitimando ainda, entre mortos e feridos, cerca de 150 pessoas (ouvi este número na televisão).
Perante esta infausta notícia, de imediato cogitei: ó que benção estar como estou e viver em Portugal, um dos mais «atrasados» países da Europa, segundo as loas da ambiciosa imbecilidade que não sabe quanto deveras vale viver «problemas enormes» em português.
Também, em expontânea contrição, aflora-se-me o arrependimento por ser como sou a apreciar o complexo político do meu país. Apre, quem é que percebe e apreende «tudo-isto-e-aquilo»?!...
Pesquiso:
Benazir Butho, herdando a desditosa áurea política de seu pai, Zulfiqar Ali Bhutto - primeiro-ministro derrubado em 1977 e executado dois anos adiante sob o domínio de Zia ul-Haq - foi por duas vezes primeira-ministra do Paquistão. Em 1999, para escapar ao imbróglio judicial que a acusou de desvio de fundos públicos, exilou-se no Dubai. Graças a uma amnistia promulgada pelo actual presidente Musharraf, logo no primeiro dia de regresso ao seu país foi vítima de um atentado do qual escapou ilesa. Esta considerada e corajosa mulher - sabia que sua cabeça estava a prémio - desaparece aos 54 anos de idade depois de peripécias do arco-da-velha. O mundo ocidental queda-se boquiaberto e teme-se que o povo paquistanês expluda em carnificina incontrolável.
Concluo:
Sob uma tal lástima, e quejandas situações de desmedida loucura que avassalam a humanidade nos mais diversos locais do mundo, recolho-me à voluntariosa sensatez que os astros da realidade me inspiram, entregando meus gritos ao silêncio.
Praza que a alvorada de 2008 congregue mais ainda todos os lusófonos no seu histórico desígnio de moderação e complacência humanistas.
Vivam as mentes da vida!
1846: Última execução por crimes civis.
Junho 1852: A pena de morte é abolida, para os crimes políticos. Reinava D. Maria II.
1863: Apresentada em debate parlamentar a seguinte proposta:
1 - É abolida a pena de morte
2 - É extinto o hediondo ofício de carrasco
3 - É riscada do Orçamento de Estado a verba de 49,200 réis para o executor.
Julho 1867: A pena de morte é abolida, para todos os tipos de crimes com excepção dos militares. Reinava D. Luís.
Março 1911: A pena de morte é abolida para todos os crimes.
1914 (?): Durante a Primeira Guerra Mundial, a pena de morte é readmitida, «em caso de guerra». É executada a última pena de morte em Portugal.
Abril 1976: A pena de morte é definitivamente abolida para todos os crimes.
PS = Os filhos de Deus, uns menos e outros mais, têm todos génes do Diabo.