Padre Quevedo esteve em Santa Catarina, quando em Tubarão, ministrou o curso “Parapsicologia e Religião”. No curso, falou sobre o que existe e, naturalmente, como ele mesmo costuma reforçar, o que não existe. A Central de Notícias Regionais foi até o Sul do Estado, para uma entrevista exclusiva com o padre parapsicólogo, na Casa Paroquial da Matriz São José Operário. Aqui os principais trechos da entrevista. Interessados em se aprofundar nas teorias difundidas pelo polêmico padre Quevedo podem acessar o site do IPQ — Instituto Padre Quevedo de Parapsicologia.
Patrícia Gomes – CNR/ADI
Por que o senhor destaca tanto que os melhores parapsicólogos são padres?
QUEVEDO – Têm muitos padres que são os melhores parapsicólogos, mas claro que também há outros que não são padres. Existem 56 mil religiões, muitas superstições, muito medo de feitiço, de umbanda, de reencarnação... Então, que pastoral pode haver se não se conhecem esses fundamentos, esses sistemas? A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, em 1953, mandou que ninguém se ordene sacerdote, nem seja catequista ou agente de pastoral sem estudar Parapsicologia. Mas, cadê os professores? Então, encomendaram a mim, aqui no Brasil, formar professores e é o que estamos fazendo.
Por que o Brasil é um campo fértil para a Parapsicologia?
QUEVEDO – Todos buscamos explicações sobre ‘onde vou?’, ‘de onde vim?’, ‘quem sou?’. E o brasileiro, especialmente, não tem formação católica, não tem argumentos, tem uma fé irracional, subjetiva, se deixa influir... tudo vale. Mas, a Parapsicologia está avançando. O clero está se formando mais, os catequistas e as pessoas cultas... Então, a verdade terminará por se impor. Já se percebe isso em todo mundo, especialmente pelos estudos dos milagres, que são fatos do nosso mundo. Há muitas conversões. A promessa de Cristo se cumprirá: ‘haverá um só rebanho e um só pastor’. Por quê? Principalmente por causa dos milagres.
O sr. se tornou conhecido pela frase “isso não existe”. Mas milagres existem?
QUEVEDO – Eu tenho sete livros publicados sobre os milagres. Para o povo, culto ou inculto, qualquer bobagem é milagre. Ora, o milagre é enormemente superior, não dá para medir com régua. São milhões de milagres de todo tipo. Há sempre algum “parapsicólogo” que diz que isso é religião. Isso não é religião, são fatos do nosso mundo. Religião é doutrina sobrenatural e inobservável e os milagres são fatos do nosso mundo.
E milagre se comprova cientificamente?
QUEVEDO – Se comprova. A base dele é a parte histórica, a fenomenologia, os testemunhos e em que ambientes. E em que ambientes? Só em ambientes católicos! O que está conseguindo muitas conversões. E são milhares de milagres que não se publicam. Publicam-se as bobagens. Porque há uma máfia, má-intenção, e os verdadeiros milagres se ocultam.
Nós somos matéria mais espírito. Quando a gente morre, e perde a matéria, para onde vai o nosso espírito?
QUEVEDO – Primeiro: somos matéria animada. Não somos duas coisas. É uma coisa só: matéria viva espiritualmente. Nem Deus – com todo respeito – pode aniquilar a alma, espiritual, imortal, etc. Alma não age sem corpo, não há ação sem órgão. Não veríamos, não ouviríamos, nem pensaríamos sem cérebro. Agora, a morte. Sempre se disse a solene imbecilidade que a alma se separa do corpo, até os católicos dizem isso: ‘vamos rezar esta missa pela alma de fulano de tal’. Isso é heresia! No Concílio de Nicéia já se definiu como dogma de fé que alma sem corpo não age. Ora, se é imortal, é indestrutível e sem corpo não age, então está se exigindo a ressurreição. E isso a Parapsicologia estudou muito bem.
E como é a ressurreição?
QUEVEDO – Entre a morte clínica e a morte real, mais ou menos 21 dias. Todos vamos ser enterrados muito mais vivos do que mortos. Mas o cérebro apaga, três minutos após a morte clínica e da parada cardíaca, então, não nos inteiramos de nada. E a natureza não dá pulos. Dez dias depois da morte, ainda se tem milhares de células vivas, crescem os cabelos... São Paulo o explica muito bem: ‘nós não morremos, nos transformamos’. Então, à medida que vamos morrendo, vamos ressuscitando. Vamos deixando um corpo corruptível e vamos ressuscitando num corpo incorruptível. Metaforicamente dizendo, vamos deixando um corpo de trevas e ressuscitando num corpo de luz. As principais características de um corpo ressuscitado são: claro, ágil, sutil e impassível. Até que, por fim, terminou a ressurreição, começou a eternidade. Os católicos dizem que fica muito tempo no purgatório, é uma bobagem. Na eternidade não tem tempo. O juízo tem de ser no finalzinho da ressurreição e da morte, quando o corpo vai deixando de atrapalhar, o cérebro vai deixando de trabalhar, e nos fazemos um corpo glorioso, espiritualizado. Então a alma manifesta todos os seus poderes, de conhecimento, etc.
Mas para onde vai a alma?
QUEVEDO – Na ressurreição, nos transformamos. A alma não ocupa lugar, é espiritual. Todos que já morreram já ressuscitaram e cabem na ponta de um alfinete. O corpo espiritualizado não ocupa lugar. Céu e inferno são um estado, não são um local e não sei onde estão, porque não ocupam um lugar. Mas, como dizia Cristo, metaforicamente, ‘na casa do meu Pai há muitas moradas’. Uns têm méritos que cabem num dedal, outros méritos que cabem num copo. Cada um, segundo seus méritos.
Então não existe reencarnação?
QUEVEDO – Do além para o aquém não volta ninguém, palavra de Javé. Isso é um slogan da Parapsicologia. Veja bem, os coelhos geram coelhinhos, da mesma natureza coelhinha de seus progenitores; um cavalo, um cavalinho, na mesma natureza cavalar; uma rocha, uma rochinha. De onde estes reencarnacionistas bestas, ignorantes, terão encontrado uma geração que não é na mesma natureza? Os pais não seriam pais de um homenzinho, seriam pais de um corpo e alma que viria do outro lado. Há de ser muito ignorante. Por isso que num Congresso Internacional de Parapsicologia se chegou à conclusão de que a reencarnação é a maior idiotice que a imbecilidade humana conseguiu imaginar. Não há nenhum parapsicólogo reencarnacionista.
Como o sr. vê brincadeiras como a do copo por exemplo?
QUEVEDO – A brincadeira do copo se trata de movimentos inconscientes, involuntários e inevitáveis. Nós pensamos com todo o corpo. Como a psicografia. Ponha um copo lá, ponha um papel e uma caneta lá. Chame a Chico Xavier, a todos os exus, orixás, mortos, reúna a todos os pastores e espíritas. Afaste-se a mais de 50 metros de distância. Desde que eu estou no Brasil, há 47 anos, faço este desafio - e a Parapsicologia há um século o faz – se o lápis escrever meia letra, ou o copo se mexer, estando todos a mais de 50 metros, dou 10 mil dólares a cada um. Não os tenho é claro, mas é o que aposto. A telecinesia não age a mais de 50 metros, vai diminuindo. A mesma coisa com uma casa mal-assombrada. Afastem todos a mais de 50 metros, que nada acontece.
Chega final de ano e chovem previsões? Elas são possíveis?
QUEVEDO – Abrir um consultório de adivinhação está proibido em todos os países do mundo e no Brasil também, porque a Parapsicologia internacional conseguiu. A todos esses adivinhos, astrólogos, cartomantes, tarólogos: cárcere, ou então manicômio! Cárcere porque está mentindo ou manicômio porque é louco. Ninguém domina. Se abrem um consultório para responder aquilo que lhes pergunta, porque não adivinham a loteca acumulada, ao invés de cobrar R$ 200? Onde estão os seqüestradores de Carlinhos? Onde está Carlinhos? Onde está Osama Bin Laden?... e ganharia milhões de dólares dos americanos (risos). O fenômeno existe, mas ninguém o domina espontaneamente. Todos esses, algumas vezes acertarão, porque ninguém pode errar sempre. Chutam, chutam, e, alguma vez, acertarão por equivocação. Alguma vez até poderá surgir uma precognição, mas eles anunciam constantemente.
A Bíblia induz a interpretações erradas?
QUEVEDO – Ela não induz. Nós temos que estudar a Bíblia. Ela foi escrita há séculos, com o vocabulário e a mentalidade de sua época, muito exagerado e metafórico e pega até lendas como instrumento de linguagem para dar doutrina sobrenatural, inobservável. E não se mete em Ciência. Ler a Bíblia ao pé-da-letra é falta de respeito. Há que estudá-la para ver o que significava na ordem religiosa. Não na ordem científica, porque ela não se mete em Ciência, e usa a cultura ou a incultura das épocas em que foi descrita. Não é que a Bíblia induza a erros. Ela estava esclarecendo, explicando, com aquela mentalidade. E agora, com a mentalidade ocidental, com o vocabulário do século 21, não se pode dizer: ‘ah, mas está na Bíblia’. Ora, isso é falta de respeito à Bíblia.
QUEM É
OSCAR GONZÁLEZ-QUEVEDO é padre jesuíta, doutor em Teologia, fundador e diretor do CLAP — Centro Latino-Americano de Parapsicologia, em São Paulo (SP). (Fundado em 1970, suas atividades de 42 anos foram encerradas com a aposentadoria do padre em 2012). Licenciou-se em Humanidades Clássicas, Filosofia e Psicologia. É reconhecido internacionalmente por sua contribuição aos estudos da Parapsicologia. Autor de 15 livros na área e de inúmeros artigos publicados em revistas científicas, obras reeditadas e publicadas em várias línguas. Entre suas obras, sete livros sobre milagres e os títulos Antes que os Demônios Voltem e A Face Oculta da Mente, considerados por ele as suas melhores obras.
Fonte: Tribuna Catarinense, Edição n.º 1.150, de 25/11/2006.
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“Fora da VERDADE não há CARIDADE nem, muito menos, SALVAÇÃO!”