Nunca acreditei, e reluto para não acreditar, que palavras escritas têm o poder de conquistar inimigos. Prefiro acreditar que as palavras unem, congregam, aconchegam, casam, combinam, polemizam, iluminam etc.
O engraçado é que há gente que lê meus textos e diz que me odeia. Balela! Fazem tipo. Sou o cara que amam odiar. Agora me ocorre que talvez eu faça com que pensem coisas que não querem. Ora, há pensamentos que não revelamos na íntegra nem para a gente mesmo, o que se dirá então aos outros. Enfim...
Mas meus pensamentos não são nada meticulosos, aliás alguns não têm o mínimo de escrúpulos. Penso coisas que fariam corar até o mais cafajeste dos cafajestes. Por favor, não caia na indiscrição de perguntar quais são.
Falarei de alguns, ao meu ver, incensuráveis.
Ontem mesmo, na verdade não foi ontem não, isso aconteceu há longas datas – faço uso desse advérbio de tempo apenas para trazer a sensação de proximidade, contiguidade.
Ontem mesmo estive pensando nessa tal democracia; na igualdade, na quantidade, na moralidade, na qualidade. Pombas, concluí que falta gente à dar com pau com disposição e coragem suficientes para provocar uma mudança positiva no país. Mas também consegui compreender que isso não é possível, devido ao grau em que essas pessoas se encontram manipuladas hoje, sem a mínima esperança de uma vida melhor.
Tem o lado do problema que nasce paralelo a esse: as famílias pobres, que não têm o que comer, sem o controle de natalidade, têm muitos filhos. E, visto que a renda delas não aumenta, o que acaba acontecendo é a divisão dessa renda pelo número de filhos. Logo, o que resta são condições precárias de vida, que estão resultando em sociedades biologicamente subnutridas e ignorantes. Portanto, nos países pobres, temos o aumento de uma população pobre, subnutrida e manipulada. Infelizmente.
Mas meu celular tocou, era minha mãe, grande Dona Nice!!, perguntando se eu iria jantar em casa. Disse que ainda não sabia. De fato não sabia, dessa vez não estava fazendo dengo, ou coisas típicas de um filho como eu.
Pensei então no barato que é a tecnologia, mas Pombas!!, esta vem sendo desenvolvida, em geral, apenas por países ricos, e visto que a tecnologia é usada ultimamente em ajuda à manipulação, ela se resume hoje em concentração do poder político e econômico nas mãos de poucos, o que resulta no desenvolvimento de uma sociedade controlada.
Liguei para mamãe, coisas de 1 minuto, grande Dona Nice!, e avisei que iria jantar em casa, mas só se fosse pizza. Ela concordou.
Verdade que a pizza não me faria tão bem quanto o tão gostoso e nutritivo arroz-feijão, também concordei com ela, mas fazer o que?
Continuei a pensar, malditos pensamentos que me trouxeram a fome, a pizza, a dúvida: a medicina vem ajudando as pessoas a viverem por mais tempo. Logo, é claro que a população aumentará, e por isso deveria ser feito um controle de natalidade nos países mais pobres, mas um controle de natalidade, hoje, sairia muito caro, até mesmo para fazer as pessoas infringir suas religiões que são contrárias a isso. Então a população vem crescendo muito e os políticos ganham mais poder para governar, dando início a uma ditadura ideológica. As ditaduras modernas não precisam usar força, mas sim a manipulação ideológica.
Puta merda, pensei, que coisa assustadora!! Lembrei que tudo pode, de certa forma, resultar no Admirável Mundo Novo, de Adouls Huxley – se você ainda não leu, leia-o.
Não estou vivendo nenhuma crise, porque pensa desse jeito, não sou mais adolescente, mas foi de matar quando, hoje, neguei um trocado a uma mulher na rua. Pombas, até que eu os tinha e não iam me fazer falta.
Por não querer enlouquecer, não vou concluir mais uma vez que somos todos, lá no fundo, ou talvez nem tão fundo assim, uma cambada de hipócritas, defeituosos correndo, com ou sem pressa, atrás da perfeição.
Mas um outro pensamento me ocorre: talvez eu já esteja completamente louco e essa loucura seja de fato a sanidade.
Não quero seu ódio, portanto, sinto muito por não ser à prova de certas circunstâncias.
De pensar morreu um burro, já mal disse um provérbio idiota
Talvez eu faça com que pensem coisas que não querem. Ora, há pensamentos que não revelamos na íntegra nem para a gente mesmo, o que se dirá então aos outros. Enfim...