Meus artigos são lidos pela Maria José, mais conhecida como Petita, uma amiga jauense, morando no Japão há quase vinte anos. Fiquei satisfeito porque uma simples leitora nos incentiva a dar continuidade em escrever como uma forma de luta, ou empenho em melhorar o lugar onde vivemos. Comparou o Brasil com o Japão e simplesmente disse que não retornará tão cedo ao Brasil. Fico nas saudosas lembranças de quando íamos à casa da Sra. Odila Izar e ouvíamos as boas e sempre novas informações espíritas. Grande mestra, sublime criatura! Que os bons espíritos estejam com ela preparando novas investidas no planeta, através da reencarnação. Mas, embora residindo no Japão a Petita sabe de todas as maléficas ocorrências brasileiras através dessa bênção celestial: a internet. Tenho também muitos leitores em Sampa, Santo André, São Caetano, Picos-Piauí e por esse mundão todo. Até nosso simpático carteiro lê minhas matérias, apesar de ele achar que sou revoltado. Recebo email de muita gente em apoio e solicitando para continuar assim como sou, porque não existe um “eu” ao contrário. Sempre serei o que sou e não um papel carbono. Sou assim duro nas minhas críticas porque amo o Brasil. Quem ama seu filho, sua esposa, seu pai, sua mãe, não vai querer que essa gente amada siga os trilhos da maldade, da corrupção, da violência, da falta de estudo e da falta do que fazer. Quem não critica, este sim tem muito mais tendência a não amar o Brasil, porque deseja que tudo continue como sempre. Parece até que levam vantagem com o atual status social. Por isto, enquanto meu país nadar num mar de corrupção estarei sim assestando minha metralhadora crítica para esse oceano de políticos ladrões. Quem não se mexe, não protesta e nada faz para melhorar um milímetro sequer deste país, não pode mesmo reclamar porque não o ama. E se disser que ama, mente escandalosamente porque o amor move as pessoas no intuito de melhorar o lugar que se vive.
É decisório e crucial de que História do Brasil a maioria não sabe nada neste país. O que já dava, ou ainda dá sinais de desamor, ou do falso amor pela pátria. A maioria dos brasileiros desconhece, por exemplo, a extraordinária epopéia vivida pelo alferes Joaquim José da Silva Xavier, muito mais conhecido como o “Tiradentes”. E o feriado de 21 de abril de todos os anos esvazia-se na evidência da ignorância das pessoas, que jamais ouviram falar em Tiradentes. E se ouviram, pouco estão se lixando para o extraordinário herói brasileiro, o qual deve ter morrido em vão na forma como sua lembrança vai-se apagando.
O “Comércio” divulgou em data de 21.04.2006 uma pesquisa entre a população sobre Tiradentes e chegou ao resultado de que 70% das pessoas ignoram quem foi o inconfidente mineiro. Neste mesmo trabalho informativo há uma entrevista com uma historiadora jauense afirmando com todas as letras de que “a falta de memória ocorre porque as pessoas não dão importância para a história do país. Aqui em Jaú e em todo o Brasil, a população não tem o hábito de reverenciar nossos heróis”. A historiadora acredita que ter um bom conhecimento em História é o principio para a compreensão dos fatos sociais da atualidade. “Quando falo” – diz ela na reportagem – “quando falo para as pessoas que sou professora de História, geralmente escuto um “credo” como resposta. O desinteresse com nosso passado é muito grande”. Apenas isto já nos dá a certeza de que o brasileiro mente quando diz que ama o Brasil. Quando a gente ama algo, ou alguém, conhecemos de perto este algo, este alguém. Amar sem conhecer não é amar é mentir. Os brasileiros do passado, heróis, que deram a vida por este país devem estar insatisfeitos com o brasileiro da atual época: um tipo sem conhecimento dos nomes de nossos heróis, os quais tudo fizeram para expandir nossas fronteiras, defendendo-as e morrendo por elas. Alguém aí ouviu falar em Antonio João Ribeiro? No casal Arruda? Na epopéia de Dourados? Nos EUA qualquer criança conhece o que foi o “Âlamo”. Existe até cemitério para os heróis. Aqui conhecemos os nomes de bandidos, mas não conhecemos nossos heróis. E ainda dizemos que amamos este país. Não amamos coisa nenhuma!
Jeovah de Moura Nunes
Jornalista e escritor
(publicado no jornal “Comércio do Jahu” de 15 de janeiro de 2008, terça-feira, página 2 – Opinião).