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Artigos-->A FEIRA DO ROLO -- 12/02/2008 - 16:50 (Jeovah de Moura Nunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A FEIRA DO ROLO



Freqüento aos sábados e domingos a feira do rolo em Jaú. Pelo que sei a “feira do rolo” de Jaú tem aproximadamente oitenta anos. Lembro-me quando garoto – em 1957 – vi essa reunião num domingo, na Tenente Lopes bem próxima à entrada lateral para o mercado. Perguntei ao meu pai o que era aquilo e ele respondeu tratar-se de negociantes desejosos de vender, ou trocar algum objeto disponível por outro em necessidade. Hoje, minha freqüência se deve ao fato de ser relojoeiro e como não abri nenhuma porta para exercer a profissão, faço-o nos fins de semana na feira do rolo. Lá conserto relógios diversos. Troco baterias, vidro, ponteiros, pulseiras e faço limpezas. Tudo debaixo de chuvas, ventanias, sol, calor e dias aziagos. Alguns dias tenho prejuízos, outros bons lucros. Mas, tudo isso me dá imenso prazer. Lá a gente ouve a música sertaneja de pessoas do povo. Conversas e notícias da cidade. Fica sabendo que o atual prefeito talvez não consiga eleger nem uma lebre do grupo dele. Saboreamos gostosa aguardente e conversamos muito sobre diversos assuntos. Vendo meus livros e dou autógrafos. É uma delícia! Meus domingos em Jaú é a feira do rolo e posteriormente uma gostosa macarronada preparada pela minha adorada italianinha Maria Antônia.

A única coisa errada na feira do rolo é que não existe banheiro. Principalmente aos domingos. Então, a gente com 63 anos nas costas precisa urinar de vez em quando e cadê o banheiro? Não tem! Este atual prefeito em oito anos não serviu nem para fazer banheiros públicos ao povo simples da cidade! A feira do rolo de Jaú poderia se igualar à feira do rolo de Bauru, que é uma imensidão. Tem de tudo, até a Polícia presta auxílio a todos que lá estão. Aqui existe o preconceito. Certas pessoas acham que nossa feira do rolo é lugar de pessoas de má índole. Não é não! Muitas vezes a má índole está entre as classes dos poderosos. Aliás, quem é rico hoje não é porque lutou demais. Até pode ser. Mas, existe muita malandragem por trás da riqueza dos ricos! Na feira do rolo existe a malandragem, mas é a malandragem do pobre, humilde, necessitando negociar alguma coisa que lhe traga alguns lucros. Então, para nós, esse preconceito cai por terra! Desde que cheguei em Jaú ainda como criança achei esta cidade estranha. Não havia, nem ainda há, a liberdade de negociar como existe no resto do Brasil. Talvez pela diversidade de estrangeiros e descendentes de estrangeiros, que não conheceram a tal liberdade em seus países, por isso vieram para cá.

Lembro-me quando meu filho o Glauber tinha cinco anos. Levava-o para as feiras de Sampa e ganhava meus trocos. O carro era um opala 72 preto, lindão! Um dia meu filho disse para mim:

-Pai! Estou apertado pai! Quero fazer cocô! – Mais que depressa peguei uma picareta emprestada de um amigo, entrei no opala e furei o assoalho na traseira do banco do passageiro. Meu filho adorou! Daí por diante era comum ele fazer as necessidades fisiológicas no buraco dentro do carro, mesmo em movimento pelas avenidas paulistanas. O que era mais importante naquele momento em que furei o assoalho do carro? A saúde do meu filho. E saúde é satisfazer suas necessidades fisiológicas!

Aos sábados o mercado fica aberto e a gente usa o banheiro existente lá. Mas, temos de pagar R$0,25. O interessante é que os comerciantes de lá não pagam nada! O valor é ínfimo se a gente precisar só uma vez. Contudo, têm idosos que necessitam usar o banheiro várias vezes e aí a coisa fica ruim. Quatro vezes, por exemplo, dá um real. Necessário se torna consultar o Estatuto do Idoso para saber se o idoso é obrigado a pagar banheiro público. É uma vergonha cobrar de idosos no meu ponto de vista. Se não houver nada no Estatuto então podem rasgá-lo e jogar fora, não está servindo para nada!

Esta reunião de pessoas com objetivos de negociarem faz parte da cultura de todas as cidades brasileiras. Tem prefeito humanista, preocupado com tudo aquilo que representa os costumes, a cultura e a liberdade de nosso povo. Os nossos dois últimos prefeitos, no entanto, não tiveram a coragem de se levantar da poltrona em seus gabinetes para dar satisfações aos seus eleitores. Este último, apesar dos oito anos comandando a cidade, poucas vezes saiu de sua poltrona. Só o vemos através de fotos no Comércio. E o pior é que têm dois querendo ansiosamente voltar ao poder para infelicidade de nossa querida Jaú.



Jeovah de Moura Nunes

Jornalista e escritor



(publicado no jornal “Comércio do Jahu” de terça-feira, dia 12 de fevereiro de 2008 – página 2 – Opinião).







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