Todo ano, a história se repete. Apesar das campanhas de conscientização, apesar dos alertas, o número de focos de calor detectados em Mato Grosso vem aumentando ano a ano. Desta vez não é diferente e, apesar do período das queimadas autorizadas ainda não ter começado, a situação já é preocupante. Espera-se, no entanto, que este ano, assim como em épocas anteriores, não se repita a façanha de colocar o Estado na liderança do ranking nacional das queimadas.
Todos os anos são dados alertas e feitas campanhas de conscientização, mas eles parecem não surtir grandes efeitos, embora a multa para aqueles que desobedecem a portaria do Ibama que proíbe as queimadas não seja pequena. O período de seca ainda está no início e inúmeros focos de incêndio já foram registrados. E logo virão as queimadas nas áreas de plantio. Aliás, nesse caso esta é uma prática bastante comum, já que é o modo mais rápido e barato para preparar o solo ou limpar o terreno para o cultivo no fim da estação seca. Até porque, queimando pastagens antigas antes das primeiras chuvas, os criadores garantem que o capim rebrote mais atrativo para o gado.
Áreas de proteção ambiental também acabam prejudicadas nessa época, como foi o caso de um incêndio há alguns anos que destruiu nada menos do que 100 hectares de área verde do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães como conseqüência de um ‘churrasquinho’ dos turistas de fim de semana. Antes disso, o parque já havia sido vítima de uma ação criminosa que quase pôs fim a uma das mais belas áreas verdes do Estado e que atrai milhares de turistas à região. Todos os anos o fato se repete, parece um ritual.
É bem verdade que as campanhas de conscientização muitas vezes não têm o efeito desejado, e parecem não ser levadas a sério por produtores e criadores. Mas é preciso insistir e investir na conscientização. E mais do que isso, é necessário uma punição mais severa àqueles que insistem em queimar o solo. Multas pesadas também podem evitar novos focos de queimada. Aliás, elas parecem ser bem mais eficazes do que as campanhas.
Quando as campanhas de conscientização parecem não surtir efeito, o melhor mesmo é uma punição mais rigorosa para os “incendiários”. Afinal, multas pesadas podem não resolver o problema, já que as queimadas parecem ser uma prática inserida na questão cultural, mas podem amenizar a situação em muitas regiões. Quando dói no bolso, pensa-se melhor antes de se passar da idéia à ação. Pelo menos esta é a nossa esperança... quem sabe?