Qualquer país em que a criminalidade propaga-se aos níveis contrários ao bom senso e civilidade, em razão principalmente da certeza de uma impunidade premiada até antecipadamente, enquadra-se no título de país da criminalidade. Este é o caso do Brasil. Embora, nossa população seja humilde e de procedência cristã, a vida nas favelas, no país como um todo, subjugada pelos ricos, pela fome, pela miséria sempre com o seu cenário de tristeza, lutando socialmente uns contra os outros para sobreviverem, com salários que a incúria dos poderosos criou, leva fatalmente pessoas, antes honestas, cristãs, apegadas a Deus, a um mergulho na criminalidade sem volta. E tudo isto também pelos exemplos dos políticos, os quais vão – boa parte deles – para o poder pelas promessas dadas principalmente aos mais necessitados. Promessas vãs e cada vez mais mentirosas. O povo pobre acreditava piamente nos políticos em razão da cristandade exigida pelas religiões, mas atualmente está ficando esperto e não vota à-toa em troca de uma pinga num bar qualquer. Os criminosos sabem que a impunidade tanto dos políticos quanto deles mesmos é coisa certa e se eterniza neste país, e por isto elegem a vida de criminoso como uma profissão das melhores até agora. Só falta a carteira profissional de “criminoso”. Ao sair de uma prisão onde tinham de tudo, sexo, refeições grátis, banho de sol, sistema de telefonia via satélite, seguro social, advogado à disposição, coisas assim que o miserável aqui fora nem sonha em possuir, voltam a praticar o crime que mais apreciam: roubar, assaltar e matar. Deste modo batem o ponto no emprego e quando voltam para a cadeia estão simplesmente retornando aos seus aconchegos.
Então, o Brasil é assim desde o descobrimento, quando Cabral abandonou dois criminosos nas praias baianas, cujo destino ninguém sabe, se não houverem ambos se transformado num belo churrasco que os índios mandaram goela abaixo. Nosso país falha principalmente nos exemplos dos mandatários. Um dito da antiga Roma dizia: “a lei não deve ser imposta aos outros por quem não a observa”. Quando descobrimos que somos governados por fanfarrões criminosos, ficamos feridos em nosso orgulho, porque evidentemente o mandatário não diz, mas a gente ouve interiormente: “se eles fazem por que não podemos fazer?”. E assim a criminalidade caminha como rastilho de pólvora, atingindo a todos quando explode aos níveis que vão crescendo atualmente em nosso país. E tudo para o atual governo é normal. É normal ser assaltado! É normal matarem nossos filhos! É normal ser assassinado de forma horrenda! Nem Hitler desejava isto para o cidadão alemão.
Nunca imaginei que meu país chegasse ao ponto que está chegando! Nascer e morrer são lei universal. Mas, nascer e morrer assassinado num assalto deveria ser para os políticos e não para nós, povo, sem defesa. Tiraram até nossas armas para ficarmos à mercê da bandidagem. A lei é de uma “fajutagem” que exorbita! Não há a devida punição. Se o criminoso pega 30 anos sai em menos um terço da pena. A pena integral jamais será cumprida. O direito penal está desqualificado neste país porque na verdade não há pena quando não se cumpre integralmente. A condenação é apenas para dar lenitivo às vítimas, visto que não será cumprida na totalidade. Os criminosos têm excessos de direitos, quando nós, que não cometemos crime algum, não temos tantos direitos assim. Pelo contrário, temos excessos de obrigações. Obrigação de votar, obrigação de pagar impostos extorsivos, obrigação de declarar a renda, obrigação de pagar IPTU cada ano mais escorchante, indicando claramente que nossa casa não é nossa casa e sim da prefeitura. Obrigação de pagar desde água, esgoto e impostos embutidos em quaisquer mercadorias. Tudo isto para quem não montou uma micro-empresa! Monte uma e o calvário tem início! São tantas obrigações que a gente fica aterrorizado! E temos afinal a obrigação de sermos assaltados, porque o governo nunca cumpriu com as suas obrigações de proteger a sociedade! Hoje, com o advento das drogas o país está virando um pandemônio caótico insustentável, uma vez que as drogas aliciam qualquer um, tanto para o vício quanto para a comercialização clandestina e o brasileiro sempre se deu bem com a clandestinidade.
Diante da tamanha desvalorização do trabalhador e a crescente valorização do criminoso, qualquer cidadão subjugado pelo capitalismo selvagem irá considerar que no Brasil o crime compensa.
Jeovah de Moura Nunes
Jornalista e escritor
jeovahmnunes@hotmail.com
(esta matéria será publicada amanhã no jornal "Comércio do Jahu" - www.comerciodojahu.com.br - quem quiser ler acesse)
