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Artigos-->A VERDADEIRA ARMA -- 30/11/2001 - 10:02 (LUIZ HIDEO SAGA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Parece estar claro existir uma franca inclinação das populações não norte-americanas em todo mundo, sobretudo as do bloco terceiro-mundista e as dos países árabes, em simpatizar mais com o regime Taliban ou o seu ícone mais conhecido, Osama Bin Laden, do que com as investidas anti-terroristas dos Estados Unidos. Tal constatação poderia talvez ser justificada pela constante política intervencionista dos yankees nas mais diversas questões políticas dos países pobres, citando a Guerra do Vietnã e a Guerra do Golfo, apenas como alguns exemplos. Uma prova desse antiamericanismo pode estar no desconcerto de Bush durante uma coletiva de imprensa , retratado pela revista Time : “Estou espantado ao constatar que existe um mal-entendido a respeito do que o nosso país está tentando fazer... Precisamos trabalhar melhor em explicar os nosso objetivos”, declarou o Presidente.

Infelizmente, num mundo globalizado como o de hoje, qualquer conflito que afete traumaticamente nosso “primo rico”, afetará, sem sombra de dúvida não só a nossa economia, como a economia de todo o mundo ocidental, numa reação em cadeia sem precedentes. A delicadeza da situação exige uma postura milimetricamente calculada, por parte do Governo dos Estados Unidos, para se evitar uma crise ainda maior. Ao que parece, como diz James Poniewozik da revista Time: “Antes mesmo da divulgação da fita de vídeo de Bin Laden, os Estados Unidos já estavam perdendo a guerra da propaganda”. O jornalista estava se referindo à empreitada de Bin Laden, ao proferir um discurso na emissora de notícias Al Jazira. De forma magistral, Bin Laden teria conduzido a “resposta” aos bombardeios sobre o Afeganistão, com um discurso feito em árabe clássico, que classificava o conflito como uma luta entre o Islã e o Ocidente. Ironicamente ele estaria utilizando-se de uma forte arma do inimigo, a mídia, para arregimentar aliados, principalmente entre os árabes moderados. Ao contrário dos inimigos, os Estados Unidos parecem não se preocupar em constituir boa imagem perante o mundo árabe. Com sua arrogância característica, sempre negligenciaram intercâmbios culturais com o Oriente Médio e para eles o Mundo sempre “girou ao redor de seu umbigo”. O Mundo sofre com isso, seja ele Oriental ou Ocidental. Além disso, tal postura favorece a radicalismos, dentre eles o tão conhecido Terrorismo.

Os analistas dizem que os conflitos poderão ainda perdurar por anos, mesmo com a captura de Bin Laden, pois culturas e crenças não mudam facilmente da noite para o dia. Qualquer que seja o resultado final desses conflitos, os indícios da antipatia mundial aos norte-americanos deveriam ser seriamente analisados por estes. Rever sua postura mundial para com os países pequenos, adotando uma política externa menos predatória e mais humanitária seria uma solução louvável, apesar de até certo ponto utópica , em se tratando do Todo-Poderoso. Em todo caso não nos custa torcer por isso.

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