É uma pena que a ex-ministra Marina Silva tenha renunciado! Agora que até eu mesmo já começava a gostar dela diante de seus severos pronunciamentos em defesa da floresta amazônica. Sua voz de passarinho era como um soluço rogando piedade à natureza, enquanto Lula parece desejar a destruição “por baixo do pano”. Segundo denúncias de alguns senadores oposicionistas 96 mil hectares de florestas serão doados aos grileiros “amigos do rei”, em número de 64 pessoas, as quais poderão derrubar 300 hectares de floresta cada um. Serão quase 20 mil hectares no caso de haver fiscalização, sendo quase impossível uma fiscalização dentro da mata virgem. O grileiro não tem espírito humanizado. Não interessa para ele o que seja uma árvore, uma floresta, a natureza de maneira geral. São simples predadores de tudo: animais, madeiras, rios e o que aparecer. E afinal, esses 96 mil hectares são totalmente fora da lei, posto que o parágrafo 1º do artigo 188 da Constituição só permite a doação de 2,5 mil hectares. Para áreas superiores depende de prévia aprovação do Congresso Nacional. Mas, a lei, ora a lei! No Brasil a lei só existe para os pobres! Os poderosos passam por cima da lei e brincam com ela e o presidente Lula aprecia o autoritarismo. Os estrangeiros de todo o mundo têm consciência de que a floresta amazônica não pertence apenas aos brasileiros, mas a toda humanidade. Nós, brasileiros, batemos no peito e dizemos ser nossa. Destruí-la assim do jeito que vai a coisa ficará parecido com uma situação esdrúxula de todos nós mostrando o dedo médio para o mundo, que sabe muito bem o que isto significa.
Essas coisas só farão acirrar os ânimos da burguesia americana. Cada burrada feita no Brasil em relação à floresta amazônica deixa aquele país com vontade de ocupar esse espaço para proteger a floresta. E quem poderá dizer que não será uma ocupação militar? Afinal nossas forças armadas não estão em pé de igualdade nem mesmo com a Venezuela, imagine-se com os EUA. Particularmente, muitas pessoas, assim como eu, ficariam satisfeitas se tal evento viesse a ocorrer. Teríamos bons ventos financeiros, comerciais e com novos patrões de mentalidades diferentes dos nossos. Pagariam bons salários, sem atraso e semanalmente. Sei disso porque já trabalhei numa empresa americana em São Paulo e recebia um ótimo salário semanal. Os patrões americanos não são mãos-de-vaca, ou mãos de porco como dizem os cariocas. São pessoas abertas ao trabalhador. Lembro-me de ter perguntado ao dono da empresa o porquê de pagar aos empregados semanalmente se no Brasil era mensalmente. Ele me respondeu:
- “Pagarr mensalmente ser borrice, because money non circular!”.
Daí por diante o jovem empresário americano – não tinha mais de 22 anos e estava no Brasil fugindo da guerra no Vietnã – deu-me uma aula de economia dizendo que, quando se paga mensalmente ao trabalhador, este fica “duro” numa semana. O país inteiro interrompe uma circulação monetária em até vinte dias. Já com o pagamento semanal, o dinheiro circula ininterruptamente e assim a economia fica sempre revigorada. Não é à toa esse gigantismo econômico dos americanos!
A floresta amazônica não é um local em que se plantando tudo dá. A única coisa que esses grileiros vão fazer com a terra devastada será o plantio de grãos, ou a criação de gado. Outra característica importante dessa floresta é o perfeito equilíbrio do ecossistema. Se rompido esse equilíbrio – e já está acontecendo há muito tempo – vai se transformar num deserto irrecuperável pela imensidão dos milênios e ninguém conseguirá desenvolver nesse deserto uma nova floresta. Destruindo-a correremos sérios riscos diante da fúria de uma natureza que busca apenas o equilíbrio. O aquecimento global deve também influenciar as profundezas, onde se localizam as placas tectônicas com a tendência de se reajustarem. Talvez seja por isto a ocorrência cada vez mais corriqueira de sismos, causando verdadeiras tragédias em várias partes do mundo. Provavelmente, nós brasileiros, iremos também conviver com os abalos sísmicos, quando desaparecer até 60% da floresta. Ainda dá tempo de revertermos isto protegendo mais a natureza, se quisermos, embora tudo demonstre que não queremos, tanto nós quanto o nosso presidente falastrão. Marina Silva queria, mas querer não é poder neste país. Nem com a boca cheia de farinha! Digo isto porque numa pesquisa procurava-se saber os motivos que levam alguém a se prostituir. Numa pesquisa com uma prostituta, ela respondeu:
- Foi um conselho do meu pai!
- Um conselho...?
- Sim. É que eu tava precisando de umas roupas e não tinha onde conseguir dinheiro...
- ???
- ...ele falou: “Querer é poder”.
- E daí?
- É que ele tava com a boca cheia de farinha!
Jeovah de Moura Nunes
Escritor e jornalista
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