LEGENDAS |
(
* )-
Texto com Registro de Direito Autoral ) |
(
! )-
Texto com Comentários |
| |
|
Artigos-->EU TE COMPREENDO! -- 27/06/2008 - 16:46 (Anilza T. da Silva) |
|
|
| |
EU TE COMPREENDO!
Eu sei das tuas tensões, dos teus vazios e da tua inquietude. Eu sei da luta
que tens travado à procura de paz. Sei também das tuas dificuldades para
alcançá-la. Sei das tuas quedas, dos teus propósitos não cumpridos, das tuas
vacilações e dos teus desânimos. Eu te compreendo...
Imagino o quanto tens tentado para resolver as tuas preocupações
profissionais, familiares, afetivas, financeiras e sociais. Imagino que o
mundo, de vez em quando, parece-te um grande peso que te sentes obrigado
a carregar. E tantas vezes, sem medir esforços. Eu conheço as tuas
dúvidas. Percebo como te sentes pequeno quando teus sonhos
acalentados vão por terra, quando tuas expectativas não são correspondidas.
E essas inseguranças com o amanhã? E aquela inquietação de não saberes se
reconhecerão o teu trabalho, se reconhecerão o teu esforço.
E, por tudo isto, sofres, e te sentes como um barco sozinho num mar imenso e agitado.
E não ignoro que, muitas vezes, sentes uma profunda carência de amor.
Quantas vezes pensaste em resolver definitivamente os teus conflitos no trabalho
ou em casa. E nem sempre encontraste a receptividade esperada ou não tiveste força
para encaminhar a tua proposta. Eu sei o quanto te dói os teus limites
humanos e quanto, às vezes, te parece difícil uma harmonia íntima. E não
poucas vezes, a descrença toma conta do teu coração. Eu te compreendo...
Compreendo até tuas mágoas, a tristeza pelo que te fizeram, a tristeza pela
incompreensão que te dispensaram, pelas ingratidões, pelas ofensas, pela
palavras rudes que recebeste. Compreendo até as tuas saudades e lembranças.
saudade dos teus tempos felizes, saudade daquilo que não volta nunca mais...
E os teus medos? Medo de perderes o que possuis, medo de não seres bom para
aqueles que te cercam, medo de não agradares devidamente às pessoas, medo de não dares conta,
medo de que descubram o teu íntimo, medo de que alguém descubra as tuas verdades e as tuas mentiras,
medo de não conseguires realizar o que planejaste, medo de expressares os teus sentimentos,
medo de que te interpretem mal. Eu compreendo esses e todos os outros medos que tens dentro de ti.
Sou capaz de entender também os teus remorsos, as faltas que cometeste, o sentimento de culpa
pelos pequenos ou grandes erros que praticaste na tua vida. E sei que, por causa de tudo isso,
às vezes te encontras num profundo sentimento de solidão. É quando as coisas perdem a cor,
perdem o gosto, e te vês envolto numa fina camada de indiferença pela vida. Refiro-me àquela tua sensação
de isolamento, como se o mundo inteiro fosse indiferente às tuas necessidades e ao teu cansaço.
E nesse estado, és envolvido pelo tédio e cada ação ou obrigação exige de ti um grande esforço.
Sei até das tuas sensações de estares acorrentado, preso; preso às normas, aos padrões estabelecidos,
às rotineiras obrigações: "Eu gostaria de... mas eu tenho que trabalhar, tenho que ajudar, tenho que cuidar de,
tenho que resolver, tenho que...". Eu te compreendendo...
Compreendo os teus sacrifícios. E a quantas coisas tens renunciado, de
quantos anseios tens aberto mão!... E sempre acham que é pouco... Pouca
coisa tens feito por ti e tua vida, quase toda ela, tem sido afinal dedicada
a satisfazer outras pessoas. Sei do teu esforço em ajudar às outras pessoas.
Sonhas com uma vida melhor, mais calma,mais significativa. Sei também que tens
belos planos para o amanhã. Sei que queres apenas um pouco de segurança, seja financeira
ou emocional, e sei que lutas por ela. Mas, mesmo assim, tuas tensões continuam presentes.
E tu percebes estas tensões nas tuas insônias ou no sono excessivo, na ausência de fome ou
na fome excessiva, na ausência de desejo para o sexo ou no desejo sexual excessivo.
O fato é que carregas e acumulas tensões sobre tensões:
tensões no trabalho, nas exigências e autoritarismos de alguns, nas
condições inadequadas de salário e na inexistência de motivação, nos
ambientes tóxicos das empresas, na inveja dos colegas, no que dizem por
trás. Tensões na família, nas dependências devoradoras dos que habitam a
mesma casa; nos conflitos e brigas constantes, onde todos querem ter razão;
no desrespeito à tua individualidade, no controle e cobrança das tuas ações.
Eu te compreendo, e te compreendo mesmo.
E apesar de compreender-te totalmente, quero dizer-te algo muito importante.
Escuta agora com o coração o que te vou dizer: Eu te compreendo, mas não te apóio!
Tu és o único responsável por todos estes sentimentos. A vida te foi
dada de graça e existem em ti remédios para todos os teus males. Se, no
entanto, preferes a autocomiseração ao invés de mobilizares as tuas energias
interiores, então nada posso te oferecer. Se preferes sonhar com um mundo
perfeito, ao invés de te defrontares com os limites de um mundo falho e
humano, nada posso te oferecer. Se optaste por tentar controlar o futuro,
o que jamais controlarás com todas as suas incertezas; se resolveste responsabilizar
as pessoas que te rodeiam pela tua impaciência em tratar com os aspectos negativos delas,
em nada posso te ajudar. Se trocaste o auto-apoio pelo apoio e reconhecimento do teu ambiente,
então nada posso te oferecer. Se queres ter razão em tudo que pensas; se queres a aprovação
integral em tudo que fazes; se escolheste abrir mão da tua própria vida, em nome do falso amor,
para comprares o reconhecimento dos outros, através de renúncias e sacrifícios, nada posso
te oferecer. Se entendeste mal a regra máxima "Amar ao próximo como a ti mesmo", esquecendo-te
de amar a ti mesmo, em nada posso te ajudar. Se não tens um mínimo de coragem para estar com
teus próprios sentimentos, sejam agradáveis ou dolorosos; nada posso te oferecer; se queres
ser onipotente, quando de fato és simplesmente humano; se preferes proteção à tua própria
liberdade; se interiorizaste em ti desejos torturadores; se deixaste imprimirem-se em tua
mente venenosas ordens de: "Apressa-te!", "Não erres nunca!", "Agrada
sempre!"; se escolheste atender às expectativas de todas as pessoas; se és incapaz de dar um "Não!"
quando necessário, em nada posso te ajudar. Se pensas ser possível controlar o que os outros fazem;
repito: Eu te compreendo mas, em nome do verdadeiro amor, jamais poderia apoiar-te!
Se aspiras obter proteção quando o que precisas é liberdade; se não
descobriste que a verdadeira liberdade e a autêntica segurança são
interiores; se não sabes transformar a frase "Eu tenho que..." na frase "Eu
quero!"; se optaste por tratar a ti mesmo como a um inimigo; se te falta
capacidade para ver a ti mesmo como alguém que merece da tua própria parte os
maiores cuidados e a maior ternura; se desejas usar teus belos planos de mudar,
de crescer, de realizar, como instrumentos de auto-tortura; se achas que é amor
o apego que cultivas pelos teus parentes e amigos; se queres ignorar, em nome da
seriedade e da responsabilidade, a criança brincalhona que habita em ti; se alimentas a
vergonha de te enternecer diante de uma flor ou de um por de Sol; se através da lamentação
recusas a vida como dádiva e como graça, não posso te apoiar.
Mas, se apesar de todo o sono, queres despertar; se apesar de todo o
cansaço, queres caminhar; se apesar de todo o medo, queres tentar; se
apesar de toda acomodação e descrença, queres mudar, aceita então esta proposta
para a tua felicidade: a raiz de todas as tuas dificuldades são teus passados.
São eles que te levam para as dores das lembranças e para a inquietação do futuro.
São esses pensamentos que te afastam da experiência de contato com teu próprio corpo,
com o teu presente, com o teu aqui e agora e, portanto, distanciando-te de teu próprio
coração. Tens presentes agora as tuas emoções? Tens presente agora o fluxo da tua respiração?
Tens presente agora a batida do teu coração? Tens agora a consciência do teu próprio corpo?
Este é o passo primordial. Teu corpo é concreto, real, presente, e é nele que o sofrimento
deságua e é a partir dele que se inicia a caminhada para a alegria. Somente através dele se
encaminha o retorno à paz. Jamais resolverás os teus problemas somente pensando neles. Começa
do mais próximo, começa pelo corpo. Através dele chegarás ao teu centro, ao teu vazio, àquele
lugar onde a semente germina.
Através da consciência corporal, galgarás caminhos jamais vistos, entrarás
em contato com os teus sentimentos, perceberás o mundo tal como é e agirás de acordo com a
naturalidade da vida. Assume o teu corpo e os teus
sentimentos, por mais dolorosos que sejam; assume e observa-os, simplesmente observa-os.
Não tentes mudar nada, sê apenas a tua dor. Presta atenção, não negues a tua dor.
Para que fingir estar alegre se estás triste? Para que fingir coragem se estás com medo?
Para que fingir amor se estás com ódio? Para que fingir paz se estás angustiado? Não lutes
contra teus sentimentos, fica do teu próprio lado, deixa a dor acontecer, como deixas acontecer
os bons momentos. Pára, deixa que as coisas sejam exatamente como são. Entra nos teus sentimentos
sem os julgar, não fujas deles, não os evites, não queiras resolvê-los escapando deles - depois
terás de te encontrar com eles novamente, é apenas um adiamento, uma prorrogação. Torna-te presente,
por mais que te doa. E, se assim fizeres, algo de muito belo acontecerá. Se assim fizeres, sentirás
brotar de dentro de ti uma força que desconhecias e te sentirás renovado na esperança e a vida
entrando em ti.
"Aqueles que sonham de dia estão cientes de muitas coisas que escapam aos
que sonham somente a noite.
"Savitri
|
|